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Fenômeno TDI e Poliol é uma novela sem fim

Por Daniela Maccio - 31 de Outubro 2017
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2017 não parece ter chances para entrar na seleta lista Top 5 da indústria brasileira. A prova disso é que só neste último semestre praticamente todos os setores da indústria moveleira tiveram que absorver reajustes de preços em insumos na casa dos dois dígitos. Nos primeiros lugares dessa indigesta fila revezam-se o Diisocianato de Tolueno (TDI) e o Poliol, componentes indispensáveis para a produção de espumas, cuja evolução dos preços, em 2017, chegou a 25% e 20%, respectivamente. Há empresas consumidoras desses produtos que foram surpreendidas por reajustes seguidos num curto intervalo de tempo. Mal tinham adequado suas planilhas e já veio a necessidade de novos cálculos.

 

O “fatiamento” no reajuste de um insumo de preço relativamente alto provoca um destempero no mercado por um tempo. O custo do produto final tende a oscilar na mesma proporção da periodicidade de compra do referido insumo, sendo este um dos fatores que explicam a elevada variação de preços entre produtos similares que dependem desses componentes químicos.

 

Onde isso vai parar? Fomos procurar a resposta junto aos principais fornecedores de TDI no Brasil e no mundo: Basf, Covestro e Dow. Perguntamos se o expressivo e sucessivo aumento na tabela de preços do TDI ainda é reflexo do impacto do furacão Harvey nas plantas industriais dos Estados Unidos, se realmente a demanda aumentou além do previsto, se os fornecedores sabem por quanto tempo o Brasil terá de conviver com a sensação de escassez do produto, entre outras questões relevantes para todos. Não houve nenhuma resposta aos nossos questionamentos. Silêncio absoluto. A ausência de pronunciamento provoca insegurança no mercado, que reflete não só com os seus clientes, mas também com a população que compra colchões e estofados, por exemplo, produtos com uso intensivo de TDI e Poliol.

 

O Pu Daily, mais confiável consultor mundial no mercado de poliuretano, em boletim recente comenta que o ano de 2017 foi atípico para o mercado de TDI. As perdas nos lucros acumuladas nos anos anteriores e o abalo provocado por fenômenos climáticos foi a combinação perfeita para uma postura comercial mais agressiva. Por parte dos clientes, as compras desde o início do ano também não foram regulares devido à elevação do preço do TDI. Os compradores seguraram até o limite e quando saíram às compras, os fornecedores e distribuidores foram capazes de adiar a venda e causar morosidade na liberação dos pedidos. Sem a oferta do produto, os compradores foram obrigados a procurar desesperadamente por TDI, com uma tremenda sensação de escassez. Resultado: aumento em todos os níveis: da necessidade do cliente até o preço praticado pelo fornecedor.  Fonte: www.pudaily.com/News/NewsView.aspx?nid=67168

 

Numa economia de mercado, os preços podem ser fixados livremente, sobrevive quem sabe lidar bem com isso. A tentação de ganhar espaço da concorrência pela prática de preços desatualizados, em um mercado que ainda está desabastecido, pode até ser grande, mas o cuidado com a viabilidade de cada negócio deve prevalecer sempre, pois o risco de acontecer um descontrole financeiro é alto e a retomada da capacidade de realizar investimentos pode ficar ainda mais complexa.

 

O que fazer então? Em curto prazo, muitos cálculos e desenhar estratégias a partir do reconhecimento do fator que diferencia no mercado: preço ou qualidade. Mas quem tem total dependência de uma matéria-prima precisa decidir se pode conviver indefinidamente com escassez e aumento de preços ou se busca outras soluções para substitui-la.

 

Manter-se coerente em relação à estratégia adotada fará total diferença.

 

(veja mais sobre este assunto no blog do Ari.)

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