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Móveis luxuosos antigos estão perdendo valor

Por Daniela Maccio - 23 de Setembro 2016

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Segundo a Christie's, uma das empresas de arte mais importantes do mundo, peças que eram normalmente vendidas por US$ 200 mil, em 1990, no auge da demanda, sofreram uma queda brusca em seus valores atualmente. Em junho deste ano, por exemplo, uma delicada mesa francesa de tulipeiro e amaranto que data de 1750 foi vendida por US$ 93.750, em leilão da Christie's de Nova York. No mesmo leilão, um par de poltronas estofadas de nogueira e dourado de 1770, conhecidas como bergère, foram vendidas por US$ 15 mil. Há 15 anos, essas mesmas cadeiras saíram por US$ 50 mil. O que significa que em menos de uma geração, elas perderam 70% de seu valor.

 

Ainda assim, os preços são significativos - é possível comprar um Porsche por um valor menor que o da mesa -, mas no contexto dos móveis franceses do século 18, os resultados representaram nada menos que o colapso do mercado. “O mercado definitivamente mudou”, disse Mark Jacoby, presidente e sócio da loja de antiguidades de Nova York, Philip Colleck. “Os preços retornaram ao patamar em que estavam nos anos 1970 e no início dos anos 1980”. Jacoby pode dar seu próprio estoque como exemplo. Uma enorme e adorável cristaleira em mogno do período George III, de cerca de 1780, está à venda por cerca de US$ 80 mil. No auge do mercado, há 20 anos, diz Jacoby, "podia sair por cerca de US$ 125 mil".

 

A Christie's está prestes a iniciar seus leilões outonais de peças de interior. São eles o “Opulence”, que apresenta móveis e obras de arte decorativas do século 19, e o “Living With Art”, que inclui um misto de móveis e objetos dos séculos 17, 18 e 19. Nos leilões, os colecionadores têm a oportunidade de adquirir lotes que parecem estar próximos ao menor patamar de um mercado em crise. “Certamente existem segmentos do mercado nos quais há um valor incrível, como o de móveis franceses”, disse Casey Rogers, especialista da Christie's que organizou a venda Opulence. "No mercado médio, que vai de US$ 5 mil a US$ 30 mil, tem havido um nivelamento”.

 

Embora não exista um único motivo para o declínio do mercado, e a ausência de um índice de preços abrangente faça com que qualquer declaração sobre as “tendências” do mercado envolva certa dose de especulação, há alguns vilões fáceis de culpar pelo declínio dos móveis antigos. A primeira razão é a mais simples: os gostos mudaram. “Depois do 11 de setembro realmente houve uma grande mudança de gosto em direção ao modernismo da metade do século”, disse Jacoby, apontando para a ascensão das luxuosas torres envidraçadas. “As estruturas revestidas de vidro com janelas que vão do chão ao teto não permitem colocar móveis contra as paredes exteriores. E elas têm tetos altos, com interiores quase como lofts, e eu acho que isso ajudou a impulsionar a mudança para os móveis modernistas e para o mercado de arte contemporânea também”.

 

A outra causa principal do declínio das antiguidades pode ser demográfica. Muitas das pessoas que podiam pagar por mesas de jantar de US$ 100 mil nas décadas de 1970, 1980 e 1990 estão morrendo e seus herdeiros não têm tanto interesse em manter os móveis de seus pais. Devido ao desejo de se livrar desses móveis, o estoque crescente e a demanda menor podem fazer os preços caírem. “Há muito mais [móveis] chegando ao mercado”, disse Rogers, da Christie's. “E o que mais estamos fazendo, agora mais do que nunca, é organizar essas vendas. Nós já não colocamos no mercado tudo o que aparece pelo caminho”.

 

Com informações do Bloomberg

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