É para acreditar no momento Brasil
Por Marcos Gouvêa de Souza*
A inflação continua baixa, o emprego formal está melhorando mas é verdade que o emprego informal e o micro empreendedorismo individual cresceram muito, a massa salarial apresenta crescimento real, a economia mostra rota sustentável de expansão, o interesse internacional para investimentos no Brasil é crescente, favorecido pela oferta de dinheiro no mundo, o agronegócio mostra-se cada vez mais relevante na nossa matriz econômica e, por fim, a confiança empresarial e dos consumidores continua em evolução positiva.
O consumo e o varejo se expandem, e construção civil, dois dos mais importantes segmentos empregadores privados. Os governos, de forma quase geral, promovem programas de privatização, parcerias e concessões, reduzindo o papel do Estado na economia. As reformas Trabalhista e da Previdência começam a mostrar benefícios reais na redução dos gastos públicos, do desequilíbrio fiscal e, para o setor privado, na redução do contencioso trabalhista.
O crédito ao consumo continua limitado e caro, apesar da taxa real de juros oficial se aproximar do zero, perspectiva que nos faz repensar tudo que conhecemos e praticamos no passado.
Como resultado dessa combinação de fatores, temos expansão do consumo, do varejo e da economia em patamares aquém do que gostaríamos, e poderíamos, mas de forma consistente e sustentável.
De fato, o quadro geral não tem nada de parecido com o início dos anos 2000, quando o consumo foi alavancado, em parte artificialmente, e o País viveu seu maior surto de crescimento econômico recente, porém associado com a irresponsabilidade no trato de temas críticos no âmbito das questões públicas, políticas e macroeconômicas. A resultante foi a pior recessão de nossa história no período 2014-2017 que gerou perto de 13 milhões de desempregados, involução econômica e fechamento de perto de 200 mil lojas.
E é fundamental que seja absolutamente diferente do passado recente. Sem explosões artificiais de crescimento, mas apoiado em transformações estruturais que permitam evolução constante e sustentável.
Que seja, como tem acontecido, apoiada na expansão do setor privado nas áreas onde o Brasil tem vocação natural e espaço para ser player global. Que seja estruturada na visão de um Estado menos intervencionista e dedicado a prover melhores serviços em Educação, Saúde e Segurança. Que se insira na emergente nova matriz geoeconômica global com o crescimento da importância da Ásia como um todo.
Que seja apoiada em uma estratégia de reposicionamento político, econômico e social de longo prazo, verdadeiramente de longo prazo, e evite a perda de tempo, foco e de recursos com idas e vindas táticas.
É líquido e certo que estamos patinando, e feio, em algumas frentes fundamentais, especialmente no que envolve, na área pública, os setores da Educação, Saúde e Segurança, ainda que alguns poucos e limitados avanços possam ter ocorrido.
Mas podemos, e devemos, olhar o conjunto das evoluções positivas, reconhecer e valorizar a clara evolução e estarmos ainda mais sensíveis para cobrar o que ainda falta ser feito. Só isso nos distinguirá dos críticos rancorosos.
Na análise dos últimos anos é preciso reconhecer que parte desse movimento não nasceu com o atual governo. Parte do processo de transformação começou no governo passado, de transição, e foi de fato aprofundado a partir do início de 2019.
E, de fato, não se trata de apoiar ou não este ou aquele governo. Trata-se de repensar estrutural e estrategicamente o Brasil.
Somos daqueles que, sem perder o senso crítico, creem que estamos evoluindo positivamente e o cenário à frente é mais positivo, estimulando investimentos, um olhar mais global e maior interesse na continuidade da expansão de negócios. Apesar dos problemas que o cenário internacional oferece no momento.
Se olharmos na perspectiva mais estratégica, envolvendo oportunidades e ameaças, é inegável que a combinação que o Brasil oferece nos momentos próximos e futuro, é das mais virtuosas e isso deve nos estimular muito em todos os aspectos. Mas não pode nos esmorecer na busca de tudo que possa representar um país mais saudável, educado, seguro, sustentável e diverso.
Como nunca a figura do copo meio cheio ou meio vazio cabe perfeitamente.
NOTA: Começando por São Paulo neste dia 06/02 iniciamos o ciclo Retail Trends Pós NRF 2020 que consolida as principais visões e os aprendizados envolvendo as visitas e debates aos conceitos mais inovadores e que sinalizam as principais tendências estratégicas no consumo e no varejo nos Estados Unidos. Consolida também os aprendizados vindos do Retail Executive Summit, evento que realizamos em Nova Iorque e que faz parte da NRF Retail Week.
*Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, membro do IDV, do IFB, Presidente do LIDE Comércio e membro do Ebeltoft Group. Publisher da plataforma Mercado & Consumo.
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