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A ambição das indústrias da Madeira e Mobiliário

Revisado Natalia Concentino - 05 de Janeiro 2024
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O projeto de internacionalização da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), o Inter Wood & Furniture, irá passar em 2024 por 15 cidades e nove países, com destaque para os Estados Unidos da América a par do Médio Oriente. A abordagem e aposta em mercados exigentes é indiciador do desenvolvimento de um setor que nos últimos anos se tornou peça-chave para as exportações nacionais.

 

Europa Central, Médio Oriente e vários estados norte-americanos estão na agenda do setor para o próximo ano, reforçando a estratégia de expansão dos mercados internacionais que tem ajudado a desenvolver e a alavancar o setor nos últimos anos.

 

Vocacionado para a Internacionalização, Inter Wood & Furniture é “um programa estruturado de intervenção que visa apoiar as empresas que pretendam desenvolver estratégias de expansão internacional e diversificação para mercados de elevado potencial”. Desde que foi instituído o programa já apoiou mais de 400 empresas em mais de 50 mercados.

 

A internacionalização tem sido um eixo central no crescimento das indústrias de madeira e mobiliário. Nos últimos 10 anos o setor tem crescido a uma média de 120 milhões de euros por ano. “A indústria de madeira e mobiliário de Portugal é um case study. Entre 2010 e 2022 o setor duplicou as suas exportações, passando para a casa dos três mil milhões de euros, o que é um resultado absolutamente fantástico”, sublinha Vítor Poças, presidente da AIMMP.

 

Este ano o setor voltou a crescer, em linha com o que aconteceu em 2021 e 2022. “Em 2021 o setor ultrapassou as exportações que tinha tido em 2019 o que foi uma vitória tremenda para nós porque as exportações nacionais de outros setores tinham caído e conseguimos ultrapassar por “uns pozinhos” os números de 2019 e em 2022 as exportações do setor voltam a bater o recorde ao atingir os 3039 milhões de euros”. 2023 volta, assim, a ser um ano de crescimento. Até junho as exportações globais do setor cresceram 8%, tendo sido exportados 1646 milhões de euros no primeiro semestre, mais 110 milhões de euros face ao período homólogo. Depois de em 2022 as vendas ao exterior terem crescido 450 milhões de euros a perspectiva é de que as vendas do setor cresçam 300 milhões de euros no final de 2023. “Quando falamos do aumento das exportações no setor, no final do dia, estamos a falar sobretudo da fileira casa e, portanto, os nossos grandes clientes internacionais são agentes, mas também arquitetos, designers e o próprio setor da construção, quando falamos de carpintarias, portas e pavimentos que são produtos cada vez mais procurados e que dão resposta às grandes tendências da economia circular, da sustentabilidade e preocupação em reduzir as emissões”, explica Vítor Poças.

 

Os mercados de eleição

 

Espanha e a França são os principais mercados de destino das exportações nacionais do setor, seguidos pelo Reino Unido, este sendo “um grande mercado do setor sendo aquele que nos últimos dez anos mais cresceu em termos percentuais. Não sendo o maior mercado de destino é, sem dúvida um importante mercado para o setor até mesmo ao nível das carpintarias e produtos de carpintarias”.

 

Surgem depois outros mercados como o Médio Oriente, os EUA e a Alemanha, que têm sido a aposta mais recente da associação, e do setor. “A AIMMP em 2021 e 2022 e, também, em 2023 fez um esforço e uma aposta nos mercados no Médio Oriente, com presença nas principais feiras dos emirados Catar, Ras al-Khaimah, Dubai, Sharjah, Ajman, mas também em Riade, na Arábia Saudita. Estivemos presentes em quase tudo o que havia a fazer numa região que regista um forte desenvolvimento e estivemos muito apostados em acompanhar as empresas e a desenvolver novas iniciativas de promoção nesses mercados. Agora em 2024 pretendemos fazer uma grande aposta em EUA, sem esquecer outros mercados como Reino Unido, a Europa Central ou o Médio Oriente. Iremos estar em Chicago, Las Vegas, Boston, num conjunto de feiras que vêm consolidar este potencial de crescimento do mercado americano que é, reconheçamos, é um mercado de uma outra dimensão, em escala e capacidade financeira”, sublinha o presidente da AIMMP.

 

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A transformação do setor

 

Voltamos um pouco atrás para explicar e justificar o ímpeto do setor para mercados de alto valor e de grande concorrência. “Um estudo feito pela Universidade Católica demonstrou em que entre 2018 e 2021, este setor cresceu mais do que outros setores tradicionais da economia, foi o que perdeu menos dinheiro com o impacto do covid, foi o que mais investiu do ponto de vista do investimento em capital fixo em Portugal e foi o que demonstrou uma melhoria a vários níveis: robustez financeira, crescimento das exportações, aumento do investimento, valorização dos trabalhadores”, enumera Vítor Poças. Para os resultados contribuiu a estratégia de internacionalização empreendida pelo setor e o investimento em tecnologia, inovação e no design. “Atualmente temos vindo a apurar a inovação tecnológica e o design como aliados e componentes do “saber fazer” e tradição da indústria nacional”, sublinha o presidente da AIMMP.

 

A aposta no mercado norte americano é, de certa forma, um reflexo do estado de arte do setor. “Este é um mercado muito desenvolvido, difícil de entrar, além de geograficamente e culturalmente ser mais complexo de abordar, o que exige maturidade e capacidade do setor para entrar e entrar com sucesso”. E para isso, continua o presidente da AIMMP, “contribuiu o esforço de promoção internacional feito quer pelas associações empresariais, com presença e aposta em feiras e eventos, quer pelos processos individuais de internacionalização das empresas. Isto é muito claro e inequívoco e é essencial que o governo tenha consciência que estes projetos de promoção internacional são essenciais e determinantes para o futuro e para o crescimento das exportações e da economia portuguesa, porque se os governos entenderem que devem cortar o investimento nesta área, podem não sentir um efeito direto e imediato no primeiro ano, mas vão sentir o impacto”, assegura Vítor Poças.

 

A preocupação do presidente é legitimada pelo facto de, até à data, as ações realizadas em 2023 no âmbito do Inter Wood & Furniture, que conta com incentivos a 50% financiado por fundos europeus (Portugal2020 e Compete2020 e, agora, Portugal2030 e Compete2030) não terem ainda sido liquidadas. “Em 2023, recebemos “zero”, o que nos deixa à beira de um ataque de nervos porque somos obrigados a recorrer a outras formas de financiamento para realizar as ações porque as feiras não esperam”, desabafa Vítor Poças. O presidente da AIMMP adianta que “só conseguiremos cumprir o plano de 2024 se os pagamentos forem cumpridos ou corremos o sério risco de suspender a execução de projetos e ações”.

 

Fonte: www.construir.pt

 

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