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A China já foi a fábrica do mundo, mas a hegemonia está ameaçada

Revisado Natalia Concentino - 10 de Agosto 2022

Cada vez mais, as empresas ocidentais estão procurando alternativas de sourcing em vez de aderir ao país que era uma escolha quase automática. A tendência, que começou com o “America First” de Donald Trump, agravou-se a partir de abril deste ano, segundo a Gavekal, uma das casas de análise mais respeitadas e ouvidas quando o assunto é economia asiática. De abril para cá, os fabricantes internacionais sofreram contratempos causados pelos severos lockdowns em Xangai. 

Além disso, a recente freada no ritmo do PIB chinês lançou dúvidas sobre as teses de crescimento no longo prazo. Por fim, as ameaças de Pequim contra Taiwan trouxeram o temor de um possível conflito no futuro próximo – uma vulnerabilidade sublinhada pela tensão causada pela recente visita de Nancy Pelosi. 

 

“Os eventos de 2022 fizeram as empresas ocidentais questionar algumas de suas avaliações fundamentais a respeito da China: que a perspectiva para o crescimento futuro é brilhante, que a sua eficiência produtiva não tem paralelos e que a liderança está comprometida com uma governança tecnocrática e pragmática,” diz o relatório Manufacturing diversification gains speed, escrito pelo analista Dan Wang. “Poucas multinacionais planejam abandonar a segunda maior economia do mundo. Mas elas estão congelando investimentos e acelerando os esforços para desenvolver outros locais de produção.” 

 

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A invasão da Ucrânia pela Rússia acendeu o sinal amarelo para as multinacionais, que passaram a trabalhar em planos de contingência para a eventualidade de um ataque chinês a Taiwan. Muitos executivos internacionais dizem ter dificuldades para entender o país atualmente. As incertezas se avolumaram pelas dificuldades de visitar a China nos últimos meses e ver a situação in loco. Na dúvida, melhor limar projetos. 

 

De acordo com a consultoria InterChina, 44% das multinacionais decidiram retardar ou cancelar os seus investimentos no gigante asiático. “Essas tendências significam que os novos investimentos estrangeiros diretos na China serão inferiores aos feitos em outras partes do mundo,” diz a Gavekal. “Pesquisas com multinacionais dos Estados Unidos e da Alemanha mostram que a participação da China em seus ativos parou de crescer a partir de 2018”. O relatório conclui que os eventos de 2022 incentivaram as empresas a acelerar a realocação dos investimentos para outros países – e a participação chinesa diminuirá ainda mais ao longo da próxima década.

 

(Com informações braziljournal)

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