A nota que a mulher brasileira dá à sua vida financeira: 1,4
As mulheres brasileiras são as principais provedoras das famílias e estão esgotadas. E ao contrário do que se poderia imaginar, não é pela quantidade de trabalho, dentro e fora de casa, mas pela falta de dinheiro. Este diagnóstico emerge de uma pesquisa inédita feita pela ONG Think Olga, focada na equidade de gênero.
Nela, as mulheres pesquisadas listaram sua situação financeira, a remuneração baixa e as dívidas como as principais causas de insatisfação em suas vidas.
“Durante a pandemia, já falávamos sobre a sobrecarga das mulheres, porque a rede de apoio desapareceu e começamos a falar de economia do cuidado, achando que a pandemia ia acabar e todas estariam felizes e aliviadas,” disse a diretora de impacto da Think Olga, Maíra Liguori, que se declarou surpresa com os resultados.
“Terminou a pandemia e as mulheres seguem esgotadas mentalmente. Então a gente decidiu olhar para o que está adoecendo as mulheres. A nossa aposta era ainda a sobrecarga do cuidado. Mas o que pesa de verdade é a questão financeira, e foi um fator que apareceu em uma proporção muito maior do que a gente imaginava.”
Em uma das etapas da pesquisa, as entrevistadas deveriam dar uma nota de 0 a 10 sobre diferentes questões de suas vidas. A situação financeira levou uma retumbante nota 1,4.
A Think Olga é uma das organizações não-governamentais mais reconhecidas no meio empresarial por seus estudos sobre a vida das mulheres.
Na pesquisa, intitulada “Esgotadas”, 38% disseram ser as principais responsáveis pelo provimento da família. Mesmo observando as diferentes classes sociais, de A a E, esse percentual varia muito pouco. Outras 25% do total das mulheres, dividem a responsabilidade de manter a família. Já 26% ajudam a manter, mas não são as principais responsáveis, e apenas 11% não ajudam financeiramente.
No agregado, os dados significam que mais de 60% das mulheres são responsáveis pelas contas da casa no Brasil. Quase 30% das entrevistadas são funcionárias de uma empresa privada e 20% são autônomas. O percentual de funcionárias públicas é de 19% e 8% são aposentadas.
Os dados mostram ainda que 4 em 10 brasileiras estão insatisfeitas ou muito insatisfeitas com o trabalho. O principal ponto não é o trabalho em si, mas a remuneração.
Em média, as mulheres recebem um salário 22% menor do que um homem que ocupa o mesmo cargo ou a mesma função hierárquica. A lei de igualdade salarial entrou em vigor no Brasil há poucos meses, e seus efeitos ainda não são mensuráveis.
Fonte: www.braziljournal.com
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