Tem loja de móveis que é Raiz, mas a maioria é Nutella
Raiz ou Nutella compara como as pessoas faziam as coisas antigamente (do jeito raiz), com o modo que as pessoas fazem hoje, com um pouco de frescura (do jeito nutella). Quem me deu a explicação foi minha sobrinha, Vitória, de 10 anos, que se autodefine Raiz.
É uma expressão bem interessante, e se pararmos para pensar um pouco, serve perfeitamente para definir as lojas de móveis.
Eu explico: existe um grupo de varejistas que atendem seus clientes. Eles são lojistas que vendem os produtos que os clientes encontram na loja, com os preços que eles se propõem a pagar, e têm funcionários que os atendem e vendem o que os clientes foram comprar.
Mas, existe um seleto grupo de varejistas notáveis que fazem algo completamente diferente. Eles atendem às necessidades dos clientes de maneiras inesperadas, superando todas as expectativas.
A cada passo, eles fazem o inesperado, oferecem produtos que os clientes não sabiam que precisavam e fornecem atendimento ao cliente que surpreende e encanta. Quando os varejistas são notáveis, o preço não entra em discussão, porque aquela qualidade indescritível chamada VALOR é mais importante.
O abismo entre os dois é imenso e o mundo está cheio de milhares dos primeiros e poucos dos últimos.
E, o mais importante, para distinguir entre varejo comum e notável (ou Nutella e Raiz), geralmente se resume a "eu sei quando vejo". Quer dizer, por intuição o comprador reconhece o varejo notável. E são muitos os componentes que transformam o varejo simples em uma experiência verdadeiramente notável. A chave é olhar para o varejo notável como aquele que faz as coisas com o foco exclusivamente no cliente e para isso precisa negociar com o fornecedor porque é da indústria que vem o que ele oferece ao cliente, e negociar e motivar sua equipe, porque é ela que vai encantar o cliente.
Esqueça das manchetes que pregam o 'apocalipse do varejo'; muitas lojas físicas estão apresentando forte crescimento e lucro, enquanto as marcas digitalmente nativas – como MadeiraMadeira e Mobly, por exemplo, agora estão abrindo lojas físicas para recepcionar as pessoas e mostrar que podem surpreendê-las, encantá-las de fato.
Vamos combinar que de modo geral, o varejo de móveis online é chato, exagera em ofertas de produtos iguaizinhos, com super descontos permanentemente; em um ambiente confuso, inclusive já devidamente observado pela curadora do nosso projeto Habitat, a Gemile Nondillo. Ao analisar o site da MadeiraMadeira, por exemplo, Gemile observa que poucos produtos têm vídeo, falta conteúdo descritivo e não existe agrupamento de produtos por tendências, apontando novos acabamentos, cores, materiais, estilos etc. E se trata de um site nativo de móveis.
Estes sites apostam todas as fichas em tecnologia. A tecnologia é um facilitador, uma ferramenta, um meio para um fim, sem dúvida. Mas nenhum cliente compra tecnologia. Eles compram soluções e compram uma história.
O varejo centrado no ser humano, o Raiz, coloca a alma de volta no relacionamento entre o lojista e o cliente. É uma descrição evoluída de “centrado no consumidor”, que se tornou apenas uma frase de efeito para muitos varejistas Nutellas. O varejo centrado em humanos terá ainda mais significado após a Covid, pois a experiência do coronavírus nos forçou a refletir sobre nossa humanidade. E trás de volta este aspecto tão importante que é o relacionamento, o olho no olho, como costumamos dizer,
Ser memorável é uma conquista notável. Basicamente, os consumidores compram a história antes de comprar o produto, e é a história que cria a memória.
Cá entre nós, O varejo notável é alcançado por líderes varejistas radicais, que não têm medo de correr riscos, experimentar coisas novas e desenvolver uma cultura corporativa de experimentação. Este é o varejo que o consumidor quer, o legítimo e insuperável varejo Raiz. O resto, bem, o resto é apenas Nutella, uma pasta de avelãs...
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