Cuidado, porque a turbulência de agora é o começo do novo normal
O ano ainda não terminou e já inundaram a minha caixa de mensagens questionando sobre o que esperar de 2022. Para começar, é importante considerar que o ano novo sempre leva o residual do ano anterior e 2022 não será diferente. Escassez e preços descontrolados continuarão esquentando a cabeça dos empresários e deixando os economistas mais perdidos do que já estiveram desde o começo da pandemia, quando os erros de previsão superam em muito os acertos.
No caso do setor moveleiro, incluso colchões, mais do que o residual de 2021 vamos levar para o ano novo o que tem de mais velho na cultura empresarial: na primeira dificuldade, se lança produtos novos com preços mais baixos, os descontos são uma prática comercial já prevista na tabela de preços, que às vezes não é sequer mostrada pelos representantes ao cliente na hora de fechar uma venda.
É possível que essa estratégia equivocada não vai desaparecer nos próximos anos novos e essa corrida das indústrias para vender por menos, caminho inverso praticado pelos fornecedores, lembra muito a história da corrida do ouro e os vendedores de pá.
Entre 1848 e 1853, milhares de pessoas migraram de outras regiões dos Estados Unidos para a Califórnia em busca de ouro. As primeiras pepitas foram encontradas em um leito de rio em Sierra Nevada e logo a história da descoberta se espalhou e atraiu garimpeiros em busca de riqueza. Mas, para muitos a corrida do ouro foi uma maratona na direção da ruína financeira e daí veio a frase “na corrida do ouro, fica rico quem vende pá”, já que a possibilidade de ganhos indiretos com aquela euforia era maior para quem vendia ferramentas, pois tanto vencedores quantos perdedores precisavam de pás e picaretas para tentar encontrar ouro. Qualquer semelhança com indústrias de móveis, no caso os garimpeiros, e fornecedores de matérias-primas, no caso os vendedores de pá, não é mera coincidência.
Logo, os vendedores de pás também vão levar para 2022 o residual do aumento pelo aumento, considerando a mais antiga lei do mercado: se a procura aumenta o preço também sobe e assim gera-se inflação por demanda, como gostam de dizer os economistas. E perde quem tem menos coragem de repassar os custos, no nosso caso, fabricantes de móveis e colchões.
Cá entre nós: Precisamos ficar mais atentos aos movimentos que acontecem nos mais diferentes lugares para não sermos pegos de surpresa ou depois dizer que a gente não sabia o que iria acontecer.
A ruptura deste círculo vicioso está para acontecer logo, logo, quando o mundo começar a viver o novo normal. Eu explico tudo no meu próximo comentário.
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