Abastecimento de TDI e Poliol, a tempestade mais que perfeita
O Brasil depende 100% de importação de TDI desde que a Dow anunciou, em fevereiro de 2012 o fechamento da sua unidade em Camaçari, na Bahia. Na época a empresa norte-americana informou que a desativação da planta era parte de um amplo programa global de redução de custos da companhia. No caso da fábrica baiana, a Dow destacou que a unidade "não tem sido lucrativa nos últimos anos".
E todos sabem da complexidade das importações permanentes de matérias-primas, sujeitas sempre a situações inesperadas de oferta, preço etc.
Quando a pandemia atingiu o Brasil em março do ano passado, havia muita incerteza sobre a demanda futura de consumo. Toda a cadeia de produção de colchões foi impactada. Ninguém tinha condições de prever que a demanda por colchões aumentaria enquanto as pessoas estivessem em quarentena.
A indústria voltou a funcionar de uma maneira mais normal no final de maio e, claro, depois da paralisação forçada pela pandemia, as fábricas retomaram as atividades na esperança de recuperar a produção perdida no período de abril e maio. Porém, se a indústria pode operar com taxas de 120% para compensar os dois meses perdidos, a partir de aumento de turnos ou horas extras, as usinas de TDI e Poliol só podem operar a 100%, porque o normal é trabalhar em turno integral. A demanda aumentou e a produção foi insuficiente para atender o mercado.
E como tudo o que está ruim pode ficar pior, a tempestade de inverno atingiu a costa do golfo, nos Estados Unidos, em meados de fevereiro. Quando um furacão é esperado, a indústria petroquímica se prepara, e muitas vezes desliga suas operações com antecedência, resiste à tempestade e volta a funcionar com segurança em um período relativamente curto. Mas esta tempestade pegou a todos de surpresa e muitas usinas tiveram interrompido o fornecimento de energia elétrica enquanto ainda estavam funcionando. Linhas de produção nas plantas congelaram. Suprimentos de energia, vapor, nitrogênio e hidrogênio foram perdidos. Foi quase como um inesperado furacão Cat 5 atingindo todo o Texas no meio da noite.
Reiniciar essas plantas primeiro requer serviços públicos e a reativação da energia. O dano não pode ser avaliado até que serviços como vapor e nitrogênio sejam restaurados (e, em muitos casos, até hoje ainda estão inativos). Em seguida, todas as linhas precisam ser inspecionadas e os danos reparados. As plantas recomeçam com taxas reduzidas e podem levar meses para voltar a capacidade plena.
Ainda há muita incerteza sobre a retomada normal de abastecimento de TDI. A situação muda literalmente a cada dia, à medida que as empresas avaliam os danos e realizam reparos para que as unidades possam ser reiniciadas com segurança.
Portanto, não é improvável que a oferta continue menor que a demanda e que os preços continuem aumentando em consequência disso.
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