Alibaba vai trocar de presidente executivo
O marketplace chinês Alibaba vai trocar de presidente executivo: Jack Ma, um dos bilionários mais famosos da China, dará lugar ao contador Daniel Zhang em setembro de 2019. A troca acontece em um momento em que a economia chinesa passa por um resfriamento e que coloca o império do marketplace em ameaça de desaceleração.
No início de novembro, a Alibaba diminuiu em 6% as suas previsões de receita para o ano fiscal de 2018, o que gerou queda de 30% dos preços das ações em relação a junho, acompanhando as baixas registradas no setor de tecnologia como um todo. Zhang chega com uma grande responsabilidade nas costas: manter a expansão global e mostrar resistência na guerra comercial entre China e EUA. Ele afirmou, em entrevista para a mídia chinesa, que os caminhos futuros têm como foco a diversificação: "Se daqui a cinco anos a Alibaba não tiver um novo negócio principal, teremos cometido um grande erro".
Zhang entrou na empresa em 2007 e desde então vem trilhando os rumos que defende serem os mais adequados para fazer a empresa crescer: ele criou, há dez anos, o Dia dos Solteiros, um dos eventos mais rentáveis do mundo e que gera mais lucros para a empresa que a Black Friday e a Cyber Monday juntas. Também foi dele que partiu a decisão de colocar os investimentos da Alibaba em supermercados e cadeias de lojas de móveis.
"Quando as pessoas enfrentam um momento difícil, elas querem mudar, porque precisam sobreviver. Como CEO da empresa, você não está pensando apenas na estratégia de hoje e na de amanhã. Você tem que pensar no dia depois de amanhã", disse Zhang, tentando convencer os investidores da companhia que os gastos com a diversificação serão recompensadores em um futuro próximo, criando lucros sustentáveis.
A expansão global também está nos planos de Zhang: nos últimos anos, a Alibaba aumentou os investimentos em regiões como o sudoeste da Ásia, comprando empresas locais de comércio eletrônico como a Lazada. A expansão para a Índia, por sua vez, se deu com os investimentos feitos pela gigante na startup de pagamentos Paytm. No mercado brasileiro circularam, principalmente no primeiro semestre deste ano, especulações de que a Alibaba estaria interessada em comprar a Máquina de Vendas, que resultou do casamento entre a Ricardo Eletro e a Insinuante, e a Via Varejo, detentora das marcas Casas Bahia e Pontofrio.
Entretanto, Zhang defende que não deve haver pressa para expandir para outros mercados: "somos muito cuidadosos ao explorar novos mercados. Acho que ainda temos que nos concentrar na China, manter sempre uma perna lá". Tal posicionamento é ainda mais conservador quando o assunto é fazer negócios com os EUA. Após negócios fracassados na tentativa de compra da empresa estadunidense de pagamentos MoneyGram pela Ant Financial, afiliada da Alibaba, as relações Pequim-Washington ficaram mais delicadas e as tensões se acirraram. “Especialmente os investimentos em tecnologia nos EUA agora são muito sensíveis, mas o mundo é grande”, pontuou Zhang.
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