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Amazon queima milhões de produtos novos

Por Jeniffer Oliveira - 15 de Janeiro 2019

Anualmente, milhões de itens que não foram vendidos ou que foram devolvidos são destruídos nos depósitos da Amazon, varejista de origem norte-americana que é líder mundial no comércio on-line. A denúncia foi feita pelo programa "Capital" no canal M6 da TV francesa, na última sexta-feira (11).

 

Durante o programa, um jornalista do canal conta como ele conseguiu ser contratado como auxiliar administrativo no almoxarifado de um dos armazéns da Amazon, na cidade de Saran, para filmar as práticas da empresa no local, onde grandes recipientes são destinados à destruição de objetos de todos os tipos. O programa também mostra, com imagens filmadas por drones, a rota de produtos jogados em incineradores ou aterros.

 

O jornalista, que também coletou depoimentos de vários ex-funcionários, revela as cláusulas contidas nos contratos entre Amazon e fornecedores terceirizados que hospedam produtos em seu marketplace e os armazenam nos depósitos da empresa. Nestes documentos, é proposto que as empresas, em caso de não venda, retirem seus bens ou eles serão destruídos mesmo que sejam novos.

 

Em apenas nove meses, o depósito acompanhado pelo canal, que é um dos menores da empresa na França, enviou 293 mil produtos para a sucata, quase todos novos. Somando todos os armazéns da Amazon, o "Capital" estima que há potencialmente cerca de 3 milhões de produtos novos sendo descartados por ano.

 

Apesar de revoltante para muitas pessoas, a prática é legal. O problema é que os descartes vão muito além das políticas divulgadas abertamente pela Amazon, que citam apenas a destruição de itens de higiene e cuidado pessoal por questões sanitárias, mesmo que não tenham sido abertos, ou artigos defeituosos.

 

Em resposta oficial, a Amazon francesa não negou o descarte de produtos, afirmando que essa é uma prática legal e voltada apenas para reduzir o custo envolvido na devolução de itens pelos clientes. Ao mesmo tempo, a empresa negou ser responsável por desperdício, trabalhando com organizações não governamentais, instituições de apoio a pessoas carentes e banco de alimentos na doação de artigos em bom estado que não tenham sido vendidos.

 

A reportagem do canal M6 não encontrou irregularidades nos procedimentos de descarte de produtos. Entretanto, por mais que a prática seja legal, ela é questionada por seu impacto sobre o meio ambiente e, principalmente, quanto à imoralidade de destruir produtos que estão em perfeito estado e poderiam ser vendidos ou, então, doados a quem precisa.

 

Não é a primeira vez que a Amazon se vê diante de acusações desse tipo. Em setembro do ano passado, a associação francesa "Amigos da Terra" registrou um processo na Diretoria Geral de Concorrência, Consumo e Repressão a Fraudes (DGCCRF), para alertá-la sobre "práticas comerciais enganosas" da Amazon, acusada de várias violações da lei, incluindo falhas em praticar a recuperação de resíduos elétricos e eletrônicos, imposta pelo Código Ambiental. E, em junho, ela foi alvo de uma investigação pelo governo da Alemanha por conta do desperdício e descarte inadequado de produtos de tecnologia.

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