As lições de José Galló (Parte I)
Nascido em Caxias do Sul (RS), José Galló é um dos maiores ícones do varejo brasileiro. Suas palestras sempre foram verdadeiras aulas sobre como encantar clientes, coisa que ele sabe como poucos considerando o êxito de sua trajetória à frente das Lojas Renner.
Por isso, é justo trazer aqui algumas ideias, que poderiam ser lições para quem pretende ter sucesso em seu empreendimento. São verdadeiras pérolas sobre empreendedorismo retiradas de entrevista concedida ao Consumidor Moderno:
“Se você expande uma companhia que está com problemas, você está expandindo problemas”
“Em quantas empresas a família está dentro do negócio e acha que tem competência para isso e não tem. O resultado é destruidor. Tem que haver uma definição muito clara do que eu quero ser, gestor ou investidor da companhia? Muitas vezes, querendo ser o gestor, destruo o lado investidor, do crescimento, da rentabilidade, da viabilidade e da eficiência”
“Se você é uma empresa austera com despesas baixas, quando vem uma crise está preparado para enfrentá-la. E quando vem um período de crescimento, se você é austero, aumenta bastante a sua rentabilidade. A crise é o momento em que você testa a proposta de valor de uma empresa. Se você tem uma proposta de valor forte, consegue passar pela crise. Caso contrário, fica pelo caminho”
“Os livros de marketing dizem que o grande objetivo do marketing é satisfazer as necessidades e os desejos do consumidor. A gente acredita não só na satisfação, mas no encantamento. E o mais fantástico é que se você perguntar para algumas empresas por que elas fecharam suas portas, elas vão dizer que foi por causa da taxa de juros ou das dificuldades financeiras. As dificuldades financeiras não são a causa do fechamento, elas são o efeito”
“Eu me perguntei se era um cara simples ou complexo. E concluí que era complexo. Queria fazer muitas coisas. Aí aprendi duas coisas: primeiro, que é mais difícil ser simples do que complexo; segundo, que o foco não é o que você tem que fazer, mas sim o que você tem que deixar de fazer. Passei a delegar mais e dizer não com mais frequência. A partir disso, você começa a racionalizar processos, além, claro, de dar mais autonomia para a equipe”
“Antigamente, nos eventos de varejo – principalmente no exterior –, era comum ouvir as pessoas dizendo que as lojas físicas iriam desaparecer. Hoje já é consenso que o grande desafio é justamente proporcionar a mesma experiência encantadora no canal escolhido pelo cliente. Ele vai determinar onde quer comprar, quando quer comprar, como quer comprar e onde quer receber. Quando você está em um país como o Brasil, com toda sua deficiência logística, é mais difícil ainda. Se eu prometo entregar um produto em dois dias, essa regra tem que valer para todos os clientes e não só para aqueles próximos de um centro de distribuição. Resolver esses problemas é o grande desafio”.
Nota: No próximo artigo, veja a parte II desses ensinamentos importantes de quem venceu no varejo de moda, um dos mais competitivos do mundo.
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