IMG-LOGO

Aumento do IPI preocupa o setor moveleiro

Por Edson Rodrigues - 13 de Janeiro 2014
Em 1 de janeiro, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis, painéis e laminados subiu 0,5%, reajuste pequeno, mas que elevou a alíquota do imposto de 3,5% para 4%, o que pode impactar nas vendas não tanto pelo preço final, pago pelo consumidor, mas pelo efeito psicológico do aumento. 

Naturalmente, o novo percentual vai influenciar os preços, que podem ser elevados de 0,5% a 3%, no caso das aquisições parceladas, projeta o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan. “Não é um índice que a gente possa dizer que vai inibir o nosso crescimento, mas existe um fator psicológico, que agora nos prejudica demais. Não temos como ir à mídia dizer para o consumidor comprar porque o IPI está baixo”, afirma.

Carlos Luiz Sost, diretor do GrupoK1 – que detém, entre outras empresas do ramo, a marca de móveis Kappesberg –, concorda com o potencial efeito negativo da mudança sobre a comercialização, que perde o estimulo midiático possível, anteriormente, com os anúncios de redução da alíquota. “O primeiro impacto vai ser redução nas vendas, que a gente ainda não consegue prever direito como vai se comportar”. Para o Grupo K1, “2013 foi positivo, em função dos incentivos e dos investimentos em novas marcas”, comenta Sost. A partir de meados de janeiro, com o fim do recesso e retorno da equipe comercial do grupo, será possível sentir como o mercado vai responder ao aumento. 

Originalmente fixada em 5%, a alíquota do IPI foi reduzida a zero em 2012, como forma de estimular o setor. A recomposição está sendo feita gradativamente desde 2013, que foi um ano bom (não excelente) para o segmento. Os balanços relativos ao ano passado ainda não foram fechados, mas, segundo o presidente da Movergs, a indústria moveleira do Estado cresceu entre 3,5% a 4%.

Mesmo assim, a expectativa era maior. Com os estímulos, decorrentes da redução na alíquota do IPI, os empresários do setor investiram em inovação e recursos humanos. Agora, revela Cansan, esperam ao menos que, em 2014, consigam o mesmo resultado de 2013. “Se considerarmos que, em junho, o governo pretende elevar para 5% a alíquota, eu não tenho dúvida que teremos mais redução nas vendas, e nosso resultados ficarão abaixo do projetado”, destaca o dirigente.

A indústria moveleira teve resultados diferentes, variando com o foco de atuação, detalha o presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmoveis), Henrique Tecchio. Ele divide o setor em três: móveis seriados, planejados e exportação. “A indústria do seriado teve um ano positivo, devido ao consumo da Classe C ter se mantido em um bom patamar. As exportações, mesmo não sendo tão expressivas, tiveram um câmbio favorável e conseguiram um bom resultado. Já para os móveis planejados foi um ano mais difícil, inclusive algumas empresas tiveram que fazer esforço para não ficar com números negativos”.

Como muitos empresários ainda estão pagando investimentos feitos durante o período de estimulo ao setor, os esforços das entidades que representam o segmento têm se voltado para frear a recomposição do percentual, prevista para julho. “A gente está sempre procurando deixar o IPI no patamar mais baixo possível. A desoneração da folha também é uma conquista. Esperamos que essas questões sejam, no mínimo, discutidas”, salienta Tecchio. 

Fonte: Jornal do Comércio.

Comentários