Balanço indica retração no polo de Bento Gonçalves em 2022
Com as pessoas focadas em equipar seus lares durante a pandemia, o ano de 2021 foi de crescimento atípico no faturamento e nas exportações para as indústrias do polo moveleiro de Bento Gonçalves (RS). Em 2022, quando a rotina começou a voltar ao normal, a compra de bens duráveis, como móveis, perdeu força para segmentos que antes estavam adormecidos – como turismo e entretenimento, por exemplo. Essa realidade ajuda a explicar a retração de faturamento e exportações das cerca de 300 empresas da região no ano passado.
Utilizando informações da Sefaz, do portal Comex Stat e do Caged, o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) apurou que as empresas do polo encerraram 2022 com R$ 3.1 bilhões de faturamento e US$ 54,5 milhões exportados – decréscimo de 3,1% e 27,6%, respectivamente, na comparação com 2021. A desaceleração do setor também impactou os empregos, que tiveram queda de 2,42%, mantendo 6.530 profissionais em atividade.
A presidente do Sindmóveis, Gisele Dalla Costa, destaca que o ano passado foi um equalizador para o mercado se reacomodar. “O desempenho do setor moveleiro em 2021 foi totalmente atípico, então já estimávamos uma retração em 2022 porque a base de comparação é muito elevada. As compras diminuíram no Brasil e também no mercado externo, e isso não significa que a cadeia moveleira esteja em crise, mas sim que está retomando seu ritmo natural”, pontua.
Na avaliação do Sindmóveis, a tendência é que o setor se mantenha estável em 2023, podendo haver um breve avanço de 2% a 3% no faturamento do polo. “Aguardamos os desdobramentos do planejamento econômico do novo governo, mas com certeza medidas para o estímulo à contratação de funcionários, para a expansão do crédito e taxas de juros competitivas estão entre os fatores que podem reaquecer as vendas dentro do Brasil”, comenta a presidente da entidade.
Exportações em 2022
Mesmo que o volume de exportações tenha caído, aumentou a diversidade de países que adquiriam mobiliários do polo moveleiro de Bento Gonçalves (que inclui também os municípios de Pinto Bandeira, Monte Belo do Sul e Santa Tereza). As peças produzidas na região chegaram a 59 países – aumento de 15% em relação a 2019, ano que antecedeu a pandemia. Os 10 principais destinos internacionais foram Estados Unidos, Uruguai, Chile, Reino Unido, Peru, México, Colômbia, Paraguai, Porto Rico e Panamá.
Conforme explica o diretor Internacional do Sindmóveis, Cleberton Ferri, a diversificação de mercados ganha cada vez mais relevância. “O ano de 2022 foi marcado por muitos momentos de instabilidade política e econômica não apenas no Brasil, mas também em países que são importantes compradores do polo de Bento Gonçalves. Por isso, empresas exportadoras que ampliam seu leque de atuação conseguem se tornar menos dependentes de mercados específicos e, em alguns casos, até mesmo aumentar o faturamento”, sintetiza Ferri.
Para 2023, a expectativa é que os países que importam móveis do polo de Bento Gonçalves voltem a comprar em maior volume. Uma dessas frentes vai ser a feira Movelsul Brasil, que será realizada de 28 a 31 de agosto, em Bento Gonçalves, com diversas oportunidades para os empresários moveleiros – incluindo rodadas de negócios internacionais.
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