“Bancada do móvel” busca seu apoio para chegar em Brasília
Entre as principais propostas que constam da agenda econômica dos candidatos mais bem colocados na corrida presidencial desse ano estão – de forma bem resumida – a reindustrialização do país, baseada em uma economia que privilegie o uso sustentável da biodiversidade; criação de um imposto único; recuperação da capacidade de investimentos do BNDES, CEF e BB; reavaliação das isenções tributárias concedidas a diversos setores e a redução de impostos sobre importações, entre outros pontos relevantes.
Parte substancial desse conjunto de planos interessa de modo direto aos fabricantes de móveis, alguns com alto potencial de ganhar projeção na Câmara dos Deputados. E, nesse caso, há um grupo de postulantes a uma vaga em Brasília que tem base eleitoral nos principais polos moveleiros do país e se mostram dispostos a defender os interesses do setor. Em caso de vitória, eles se dispõem não apenas apoiar, mas propor ideias que beneficiem toda a cadeia industrial.
Giovani Augusto de Mattos, 29 anos, vereador em Londrina, pelo PSC, pretende, caso seja eleito, representar o polo de Arapongas e ser apoiador das propostas do Executivo. “O presidente as vezes encontra certas dificuldades para aprovar as suas propostas e eu pretendo ser um intermediário na Câmara, estar ao lado do governo federal”, comenta. Reforma tributária e administrativa, e acordos internacionais estão entre as prioridades para promover o crescimento do setor.
Daniel Lutz, 48 anos, é empresário, diretor da Móveis Serraltense, de São Bento do Sul. Ele conhece as dificuldades do polo catarinense e, por extensão, do setor, sente o peso da mão pesada do governo no que se refere a impostos. Movido pelo dever de trabalhar por um tratamento justo na questão tributária e com a experiência de ex-presidente da Abimóvel, ele disputa uma vaga na Câmara pelo Partido Novo.
“Sempre percebi a falta de apoio parlamentar, uma bancada que defenda os nossos interesses e de todo setor industrial”, avalia, lembrando que recentemente o mobiliário ficou fora na revisão da desoneração da folha de pagamento. “Foi desenquadrado por falta de representatividade”, lamenta. “Nossa proposta é apoiar as causas, estar sempre próximo das entidades e participar da Frente Parlamentar* para levar as reivindicações e evidenciar a importância do setor para a economia”, afirma.
“Revitalizar a Frente é uma consequência natural”, assegura João Eduardo Leite de Carvalho, mais conhecido como Dado Carvalho, 68 anos, que concorre a uma vaga na Câmara pelo PL, representando o polo moveleiro da região de Votuporanga. Com a experiência de ex-congressista e ex-prefeito, ele deseja retornar a Brasília para lutar por uma tributação mais equilibrada com o propósito de produzir um móvel de boa qualidade.
Carvalho fez parte do movimento que ajudou a reduzir a alíquota do IPI, medida cuja finalidade é a produção de mobiliário para população de baixa renda. “Foi um trabalho de interesse público”, assinala. Se eleito pretende avançar ainda mais. “Desejo oxigenar o setor por meio de financiamento público via BNDES. Canalizar recursos que antes eram levados para fora do país e direcionar para o setor reduzir custo de produção para que mais famílias tenham o direito de ter mobiliário”, justifica.
Empresário identificado com infraestrutura e logística e com forte ligação com o polo moveleiro de Bento Gonçalves, Paulo Vicente Caleffi, 74 anos, diz que Brasília é o centro político e centro nervoso da economia. Como parlamentar que conhece bem a realidade do setor, quer manter as portas abertas para receber as demandas. “Disponibilizar as condições para que a indústria moveleira esteja mais próxima”, preconiza.
Caleffi pretende utilizar, se eleito, a força das embaixadas brasileiras para incentivar as relações comerciais. “Elas costumam promover rodadas de negócios, feiras e mantém, em alguns casos, produtos nacionais. É uma força muito grande”, fundamenta. Ciente de que a participação do governo na realização de feiras é baixa, Caleffi tenciona apoiar movimento para aumentar a presença do setor público.
Em relação a Frente Parlamentar do Setor Mobiliário, Caleffi vê a atuação dela com certo ceticismo. “Elas as vezes complicam mais do que ajudam”, resume. “O que é preciso é reunir um ou mais deputados articulados, que conhecem o sistema lá no Legislativo e possam defender o setor, fora da burocracia e lentidão das "frentes parlamentares", sugere.
Até o fechamento desta matéria não recebemos retorno do candidato Natal da Ferrari, que representa o polo mineiro, e nem indicação de candidatos que estão inseridos no polo capixaba.
*A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria do Mobiliário foi articulada pela Abimóvel, na gestão de Maristela Longhi, e instalada no final de novembro de 2019.
*Por Guilherme Arruda, jornalista convidado
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