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BC confronta governo e mantém Selic em 13,75%, sem indicar corte

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano na reunião encerrada nesta quarta-feira (21). A taxa está neste patamar desde agosto de 2022. A decisão foi tomada por unanimidade entre os membros do Comitê.

 

Pela primeira vez desde que começou a subir os juros, em março de 2021, o comunicado do Banco Central (BC) amenizou o tom e retirou uma frase considerada hawkish, “de que não hesitará em retomar o ciclo de ajustes se cenário” presente nos últimos comunicados.

 

Ainda assim, por outro lado, o Banco Central não deu sinais mais claros de quando os juros poderão cair e alertou que o “Copom irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. É um contexto que continua a requerer “cautela e parcimônia”, segundo o comunicado.

 

Nos últimos dias, diante de novos dados de desaceleração da inflação ou até de queda dos preços, parte do mercado passou a defender que o BC sinalizasse que pretende cortar os juros em agosto.

 

Na visão do comitê, a estratégia de manutenção da taxa básica por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação.

 

O comitê destacou que, apesar de a inflação oficial estar caindo, índices subjacentes precisam mostrar o mesmo comportamento.

 

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A expectativa do mercado era a de que realmente houvesse uma mudança no tom, já que dados de inflação e crescimento têm surpreendido positivamente. O índice oficial de inflação (IPCA) está em 3,94% nos últimos 12 meses, dentro do intervalo da meta do próprio BC, que vai de 3,25% a 4,75%.

 

A expectativa do mercado financeiro no último Boletim Focus, porém, aponta que a inflação fecha o ano acima do teto, aos 5,1% Os números relativos às projeções, no entanto, vêm caindo.

 

O comunicado do Copom revela que o cenário base com o qual trabalha mudou para projeções mais baixas de inflação em 2023 (de 5,8% na reunião de maio para 5,0% agora) e 2024 (de 3,6% para 3,4%).

 

 

Pressão do governo

 

Desde que assumiu a presidência em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica fortemente o atual patamar de juros no país, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta semana, Haddad disse que os juros deveriam ter caído do patamar de 13,75% em março.

 

O último Boletim Focus aponta a expectativa de que a taxa termine 2023 em 12,25% ao ano, o que representaria uma queda de 1,5 ponto percentual.

 

Em sua última declaração pública, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto fez os primeiros acenos a uma flexibilização da política monetária restritiva. “Juro futuro e expectativas abrem espaço para mexer no juro mais para frente”, disse o presidente. “Não posso prever quando e se vai acontecer. Expectativa está indo na direção correta”. No evento, Campos Neto também elogiou o desenho do arcabouço fiscal e o ministro Fernando Haddad.

 

Na semana que vem, Haddad e Campos Neto voltam a se encontrar na reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 29, junto com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Nessa reunião do CMN deverá ser definida a meta de inflação para 2026 e discutida uma eventual alteração da meta deste ano, eventualmente com uma mudança do calendário para alcançá-la.

 

(Com informações da bloomberglinea.com.br)

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