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Berneck discorda sobre aumento de preços e escassez de painéis

Por Natalia Concentino - 20 de Agosto 2020

No dia 07 de agosto publicamos neste portal uma reportagem mostrando diversos questionamentos das entidades regionais moveleiras, que pediam a intervenção da Abimóvel para resolver problemas de desabastecimento, e questionavam a alta de preços e possíveis privilégios às exportações por parte das indústrias de painéis. Na ocasião repercutimos a resposta da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que representa a cadeia de base florestal. Mas, além da posição da Ibá, baseada em informações genéricas, buscamos respostas em cada uma das indústrias fabricantes de painéis: Arauco, Berneck, Duratex, Eucatex, Fibraplac, Floraplac, Greenplac, Guararapes e Placas do Brasil.

Já publicamos neste espaço a resposta da Duratex, através de nota da diretoria da Duratex Madeira, e agora você confere a posição da Berneck que discorda sobre elevação de preços de seus produtos e escassez na oferta para seus clientes. Também garante que não houve prioridade para as exportações em detrimento do abastecimento do mercado interno. Veja as respostas na íntegra:

Sobre os aumentos de preço: “No nosso caso, esta afirmativa de amento não procede. Fizemos um ajuste nos preços em agosto, com diversos índices por tipo de produto. Apesar da necessidade de se fazer uma recomposição de margem maior ainda, estamos avaliando o momento adequado para fazê-lo. Quando falamos em recomposição de margem, fica fácil entender por que não se tem novos investimentos em MDP, considerando que desde 2008, os preços praticados não saem de lugar – quando sobem, acabam descendo por falta de demanda.

Leia: Duratex justifica alta de preços e explica a escassez de painéis

Neste período todos os custos subiram: madeira, energia, frete, resina, salários etc. Para que se tenha ideia, nosso preço médio de MDP natural por exemplo, terminou o ano de 2019 com preço médio 3,5% acima do ano de 2008. Números que podem ser facilmente comprovados por qualquer fabricante usuário do produto. A Berneck tem um complemento de linha no MDP para fazer no volume de 35 mil m³/mês, o qual não fizemos ainda por falta de resultado necessário para justificar o investimento.

Estamos otimistas quanto ao mercado se firmar, e com isso podermos recuperar nossas margens para assumirmos compromisso de aumentar nossa capacidade, para melhor atender ao mercado.

Sobre o desabastecimento: “No meu entendimento não houve desabastecimento e sim uma forte retomada que ninguém imaginava e muitas medidas tomadas por conta da pandemia/parada, não puderam ser retomadas na mesma velocidade”.

Sobre a justificativa para o desabastecimento: “De março a junho tivemos uma perda de 59% no nosso faturamento no mercado interno, fazendo com que usássemos todas as medidas possíveis para evitar demissões. Mesmo assim, a retomada não foi da mesma forma que nossos clientes, porque trabalhamos 24 horas por dia, sete dias da semana, não permitindo nenhuma possibilidade de aumento de produção, como nossos clientes que podem aumentar turno ou fazer horas extras, aí a conta não fecha”.

Em relação à quando a situação deve ser regularizada: “Também temos dúvida quanto a isso, mas acreditamos que o mercado deva se manter assim até janeiro de 2021”.

Sobre incremento nas exportações da empresa: “Absolutamente nenhum incremento. Sempre fomos exportadores de painéis e o volume exportado sempre foi o que se tinha disponível depois do mercado interno. Quando em 2015 o mercado interno teve uma queda de mais de 20% nas vendas de painéis, nossa saída foi a busca por maior volume no mercado externo, para continuar enchendo nossas fábricas e manter nossos custos, para também poder manter os preços no mercado interno. Fizemos uma tentativa em 2019 de incrementar o mercado interno por conta de algumas solicitações, o que na sequência nenhum cliente conseguiu manter a solicitação e tivemos que devolver o volume para exportação, com prejuízo de alguns meses para recuperação. Mesmo o mercado externo tendo nos salvado no pior momento da pandemia, os volumes vendidos neste semestre estão exatamente iguais aos volumes de 2018, ou, sendo mais específico para não deixar dúvidas, 1,5% menos. Não sei de onde saiu 60% ou 600%, mas, conforme a Ibá, na soma dos painéis neste 1º semestre do ano, o volume exportado foi levemente menor comparado a 2019”.

Para finalizar, a diretoria da Berneck trata sobre a possível falta de canal de comunicação entre a empresa e o mercado: “Sempre estivemos à disposição de nossos clientes/parceiros e imagino que nenhum tenha buscado entidades por algum prejuízo causado por nossa empresa. Como temos convicção do que estamos fazendo, absolutamente nada muda se a conversa vier regional ou nacional, atenderemos a todos da mesma forma”.

A reportagem completa sobre o tema PAINÉIS você lê na revista Móveis de Valor de agosto, a partir do dia 25.

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