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Blu adota ações para ajudar a reativar a economia do RS

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Foto: Reprodução Agência Brasil / Ricardo Stuckert

A água simplesmente comeu a terra: 92% dos municípios do Rio Grande do Sul foram devastados pelas chuvas, algo nunca visto no estado. Os prejuízos foram drásticos para milhares de pessoas e atividades econômicas. No caso do comércio, a previsão é a perda do ritmo de crescimento das vendas no segundo trimestre. Em nível nacional, deve contribuir para a expectativa de um corte na taxa básica de juros mais lento do que o previsto, e ainda subtrair entre 0,3 e 0,5 ponto percentual do PIB, conforme previsões iniciais.

 

A corrente de mobilização para reconstrução é gigantesca e várias ações se destacam. Uma delas é da Blu, plataforma de soluções de pagamento, especialista na intermediação entre lojistas e fabricantes, que tem no estado 5% de varejistas de sua carteira e 10% de indústrias ativas. São mais de 500 indústrias parceiras – Herval, Kappesberg entre outros – e cerca de 3 mil varejistas. Todos eles, e outros que queiram participar dessa corrente de apoio, são alvo de um conjunto de medidas de auxílio aos gaúchos, algumas delas criadas na pandemia da Covid.

 

A pergunta que a Blu fez a si mesma foi: como podemos ajudar sabendo que, quando houver condições mínimas para reativar o negócio, o lojista terá que refazer toda a loja, conseguir a maquininha perdida e repor o estoque em uma situação de total inadimplência? A resposta foi rápida: reduzir as taxas para os varejistas das regiões afetadas, o que significa abdicar de cerca de R$ 30 mil por mês, enviar novas maquininhas sem custo e Isenção de aluguel por seis meses, e ainda fazer parceria com fornecedores para que aceitem novos pedidos de compra, mesmo com pendências em aberto.

 

Mariana Teixeira, diretora de marketing da Blu

Mariana Teixeira, diretora de marketing, informa que os fornecedores mais receptíveis tem sido o de móveis e de colchões. “Tem tudo a ver com essa situação, porque muita gente perdeu tudo. Na época da pandemia conseguimos a adesão de mais de 600 fornecedores”, diz, acrescentando que todo o time da Blu foi a campo para entrar em contato com as indústrias. “O André (André Alonso, diretor comercial) comenta que a conversão é de 100% dos contatos que realizou até o momento”, ressalta a executiva. 

 

Mariana explica outra iniciativa de ajuda à indústria. “Se o lojista deve, por exemplo, R$ 100 mil para um fornecedor, é muito mais fácil ele, estando dentro da Blu, conseguir garantias que não ficará inadimplente novamente por causa das nossas soluções de pagamento. Usamos os créditos da maquininha e tudo do que entrar, e parte estará comprometida para pagar esse fornecedor. E se ele não conseguiu pagar, procuramos saldo em outras maquininhas que não sejam da Blu. Ou seja, temos maneiras para que o fornecedor se sinta seguro”, enfatiza.

 

De acordo com ela, o objetivo é usar as ferramentas que dispõe para ajudar de alguma forma quem realmente precisa. “Temos 3 mil clientes varejistas, mas esperamos com um movimento que inicia nesta semana, ampliar e ajudar quem ainda não é cliente da Blu. Esse trabalho será feito pela nossa equipe de representantes para que façam essa corrente de relacionamento sugerindo indicações. Os fornecedores também, se desejarem, podem indicar uma lista com seus clientes”, destaca. 

 

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Desarmonia da natureza

 

Na segunda semana de maio, auge da enchente, Porto Alegre acumulou 1 bilhão de litros de água, o suficiente para inundar todo o comércio de rua do centro da cidade, incluindo galerias, algumas situadas abaixo do nível da rua, além de shoppings e postos de gasolina situados em bairros. Ainda hoje dirigentes do setor tem dificuldades para calcular o tamanho do prejuízo e estimar o prazo para deixar tudo como era antes. “Talvez lá pelo fim do ano ou começo de 2025”, arrisca dizer Luiz Carlos Bohn, presidente do sistema Fecomércio.

Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio/Crédito: Carlos Macedo

 

Lojistas de municípios vizinhos da região metropolitana da capital, como Canoas, Cachoeirinha, Eldorado Sul, Gravataí e São Leopoldo foram castigadas. “Algumas redes conseguiram retirar o que puderam, mas outros, infelizmente, perderam muita coisa ou tudo”, informa o empresário, estimando em R$ 29 bilhões a soma dos danos do comércio, indústria, famílias e setor público. Não há é possível distinguir um valor específico sobre o comércio, mas Bohn acredita que nos primeiros meses o setor deixará de gerar R$ 40 milhões em receitas, torcendo para que a água do Guaíba fique abaixo da cota de inundação no começo de junho.

 

A seu ver, o melhor dos mundos para todas as atividades econômicas seria contar com recursos a fundo perdido, ou ainda, o governo federal zerar a alíquota dos tributos pelos próximos 36 meses, como forma de apoiar empresas na retomada dos negócios, atendendo principalmente as cidades totalmente arrasadas. O pleito foi encaminhado ao presidente da República em visita ao Rio Grande do Sul. Lembrando que 62% dos municípios gaúchos já decretaram estado de calamidade, mas o dirigente mostra-se realista e não está convicto de que será atendido. 

 

*Por Guilherme Arruda, jornalista convidado

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