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Confiança recua em quase todos os setores

Por Jeniffer Oliveira - 02 de Outubro 2018

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 1,9 ponto em setembro ante agosto, para 89,5 pontos, o menor patamar desde setembro do ano passado, quando estava em 87,8 pontos. O indicador só deve mostrar melhora a partir do próximo ano. Na métrica de médias móveis trimestrais, o índice recuou 0,3 ponto, o sexto mês consecutivo de queda. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (02) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

Segundo o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV), Aloisio Campelo, o resultado desfavorável de setembro se deu por uma combinação de fatores negativos, como o ritmo lento da economia, que pressiona a confiança empresarial para níveis mais baixos.

 

“Com a economia demorando mais para se recuperar da recessão, a resposta do setor empresarial é pior. Nós tivemos um crescimento econômico pequeno neste ano. Houve, inclusive, uma desaceleração no início do ano, devido à greve dos caminhoneiros. No terceiro trimestre é esperada uma aceleração do PIB, tanto sazonal quanto em relação ao ano anterior, mas não é suficiente para fazer com que a confiança avance”, comenta Campelo.

 

Em setembro, o índice de confiança também foi afetado pela incerteza eleitoral. De acordo com o superintendente do IBRE/FGV, a maior preocupação dos empresários hoje é a indefinição sobre as políticas econômicas. “Eles precisam saber se o aperto nas contas será maior ou menor e se haverá ou não uma mudança tributária. Estão tentando prever o que poderá acontecer”, acrescenta.

 

Campelo destaca ainda o impacto de questões externas no indicador. “Vemos agora um cenário externo menos amigável ao Brasil, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a possibilidade de novo aumento de juros na economia americana e também a crise vivida na Argentina. Todos esses fatores são levados em conta pelos empresários”, afirma.

 

Para ele, o processo de recuperação da confiança empresarial só deverá ser iniciado no ano que vem. “Estamos passando por eleições muito dramáticas, somente um discurso de união nacional pelo candidato eleito poderia dar um ânimo à confiança, que só deve avançar, portanto, no início de 2019”, comenta.

 

Entre os resultados setoriais, apenas o Índice de Confiança da Construção avançou em setembro ante agosto, ao subir 0,9 ponto. O Índice de Confiança da Indústria, que encolheu 3,6 pontos, teve a maior contribuição para a queda do índice global.

 

“A indústria vinha apresentando resultados um pouco melhores do que os outros setores, mas sofreu com a oscilação recente do câmbio e com uma demanda que não se recuperou tanto quanto se imaginava depois da greve”, explica Campelo, acrescentando que o resultado positivo do setor de Construção foi composto por movimentos pequenos, que ainda não refletem uma recuperação.

 

 

Outros resultados

 

O Índice de Confiança Empresarial reúne os dados das sondagens da Indústria de Transformação, Serviços, Comércio e Construção. A coleta reuniu informações de 4.907 empresas dos quatro setores entre os dias 3 e 24 de setembro.

 

Em setembro, o Índice de Situação Atual caiu 0,8 ponto, para 88,4 pontos, devido a uma piora na percepção dos empresários sobre o momento presente da economia. Já o Índice de Expectativas (IE-E) recuou 1,3 ponto, para 95,4 pontos, o terceiro mês consecutivo de quedas. “Os resultados refletem uma insatisfação com a situação presente e também mostram que não os empresários não estão otimistas com o futuro”, reforça Campelo.

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