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Confinados, moradores estão mobiliando as suas casas

Por Edson Rodrigues - 06 de Maio 2020

Uma demanda curiosa, mas bem-vinda para as indústrias de móveis, começa a ocorrer. De acordo com a arquiteta Isabella Nalon, de São Paulo, os clientes estão praticamente redescobrindo suas casas — e nem sempre ficam felizes com o que veem. "As pessoas têm tido mais tempo para reparar nos problemas e não querem continuar convivendo com eles", afirma. Parte dos clientes, diz a arquiteta, opta por operar transformações rápidas, trocando móveis e a cor das paredes, por exemplo.

"Notamos que é um espaço muito bom, que sempre foi pouco aproveitado por não ser aconchegante. Como a gente saía de casa de manhã e voltava à noite, ninguém notava”, observa a dentista Bárbara Silvestre. "Além de instalar uma porta de correr, quero colocar poltronas, uma mesa de centro e uma parede verde com orquídeas, para transformar a varanda em uma nova sala de estar", adianta a moradora.

Embora a maioria das lojas de móveis ainda estejam fechadas, o movimento apontado por Isabella Nalon, já está mais evidente nas lojas de materiais de construção, especialmente no setor de tintas. Em algumas regiões do País o movimento em março subiu entre 8% e 10% na comparação com igual mês de 2019.

Por sinal, na esteira da expectativa de aumento da demanda, a Iquine, importante indústria de tintas de Pernambuco acaba de adquirir sua principal concorrente no Nordeste, a Hidracor, do Ceará. Com a aquisição, a Iquine passa a ser a 3º maior do Brasil em volume de produção.

Por seu lado, móveis e decoração registraram altas importantes em São Paulo. De acordo com dados obtidos pela EPTV Campinas com a plataforma de gestão de logística Intelipost, entre os setores que mais registraram aumento na comercialização de produtos, Casa e Decoração lidera o ranking com expansão de 128%. A comparação foi feita entre os períodos de 1 a 23 de março (pré-quarentena) e 24 de março a 14 de abril (durante a quarentena), com base em informações de compras de moradores de Campinas.

E, se acontece em Campinas, a segunda maior cidade de São Paulo, o fenômeno se repete em pequenas cidades do Sul. Iris Goelbeck é dono da Vitrine e Soft Store, lojas de móveis e de colchões em Itaiópolis, há 320 km de Florianópolis, em Santa Catarina. Ele contou à nossa reportagem que por conta de um decreto estadual, permaneceu com as lojas fechadas durante 27 dias. “Aproveitamos para rever nosso negócio, repensamos nosso mix, ajustamos layout, preços, enfim quase tudo... Trabalho exaustivo, duro, mas necessário. Ao reabrir, dia 20 de abril, uma surpresa, foi melhor dia dos últimos dois anos. Animados com o excelente resultado, abrimos no feriado do dia 21, com outro dia de boas vendas e, assim, tivemos naquela semana, uma das melhores semanas de nossa história”.

Trata-se de importantes sinalizações de que, ao contrário do que acreditam os mais pessimistas, o setor moveleiro pode se recuperar do tombo dos primeiros meses do ano ainda no decorrer de 2020.

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Ari Bruno Lorandi

Jornalista profissional com mais de 40 anos de atividades. Atua em estratégias de comunicação e marketing no setor moveleiro há 30 anos. É Diretor de marketing do Intelligence Group do Brasil, empresa de comunicação e marketing com sede em Curitiba. A empresa publica a revista Móveis de Valor, Móveis de Valor Norte & Nordeste, Anuário de Colchões Brasil e criou a primeira TV do setor moveleiro no mundo em atividade desde 2008.