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Consumo nos EUA gera preocupações nas gigantes varejistas

Por Natalia Concentino - 20 de Fevereiro 2020

Nos altos e baixos do instável processo de expansão econômica dos EUA, o consumidor talvez tenha sido o único motor consistente do crescimento, gastando dinheiro em um ritmo que aumentava constantemente.

Nos dados mais amplos, ainda não surgiram sinais reais de mudança nesse quadro, graças ao apoio proporcionado por emprego, mercado residencial e preço da gasolina. No entanto, consecutivos resultados mornos por gigantes do varejo como Walmart e Target subitamente, trazem a possibilidade de esfriamento dos gastos do consumidor. No mínimo, os resultados provocam questionamentos entre observadores da economia.

"Os EUA desfrutaram de uma expansão puxada pelo consumidor e qualquer desaceleração nas vendas no varejo ou mudança no comportamento do consumidor exige exame cuidadoso", disse Thomas Majewski, sócio gestor da Eagle Point Credit Management. "Quando as vendas de fim de ano da maior varejista ficam estáveis em relação ao ano anterior, é justo dizer que se trata de um sinal de alerta." Por outro lado, ele lembrou que a Amazon.com registrou aumento de receita de 20% no mesmo período.

Até o momento, nem Walmart nem Target mencionaram grandes preocupações com o ambiente de consumo. Em vez disso, atribuíram a decepção nas vendas a fatores pontuais, como uma temporada mais curta de compras de Natal, escolhas ruins de mercadorias e falta de itens desejáveis em categorias como brinquedos e eletrônicos. A Walmart já tenta colocar as más lembranças do último trimestre no passado e avisou nesta terça-feira que fevereiro começou com boas vendas.

Há outros sinais de saúde financeira dos consumidores. O mercado imobiliário está firme, com disparada das vendas e os alvarás de construção atingindo o maior nível desde 2007. Paralelamente, a força contínua do mercado de trabalho ajuda a sustentar um 11º ano de expansão econômica.

Ainda assim, preocupações persistem. As vendas no varejo dos EUA aumentaram em janeiro pelo quarto mês consecutivo, porém um sub-indicador que exclui serviços de alimentação, revendedoras de automóveis, lojas de materiais de construção e postos de gasolina permaneceu inalterado após uma acentuada revisão para baixo em dezembro. O desempenho do chamado grupo de controle está mais intimamente ligado à demanda subjacente e inclui lojas de eletrônicos, artigos de cuidados pessoais e roupas. Esse grupo sofreu no mês passado a maior queda desde 2009.

Os gastos do consumidor estão ajudando a impulsionar a economia, enquanto outras áreas, como a indústria de transformação, perdem fôlego. Assim, qualquer enfraquecimento é sinal de que o crescimento econômico nos EUA no primeiro trimestre pode esfriar em relação ao ritmo de 2,1% do período anterior e ficar abaixo da meta anual de 3% do governo do presidente Donald Trump.

Analistas dizem que o fim dos cortes de juros, a eleição presidencial que se aproxima e os efeitos da epidemia de coronavírus na China também podem pesar sobre a confiança do consumidor, comprometendo a mais longa expansão econômica em registro.

"Será que estamos começando a ver rachaduras no gasto do consumidor dos EUA?", perguntou Brian Yarbrough, analista da Edward D. Jones, durante uma entrevista. "O que realmente aconteceu durante a virada de ano e por que o consumidor não estava gastando?"

As vendas das principais categorias de presentes aumentaram apenas 0,2% nos EUA entre 3 de novembro e 28 de dezembro em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o rastreamento de dados da NPD, com demanda notavelmente lenta por peças de vestuário e brinquedos. Os consumidores, especialmente os mais jovens, mostram preocupação com o impacto ambiental provocado pelo acúmulo de produtos e preferem cada vez mais gastar seu salário em experiências que não chegam em embalagens.

(Com informações da Bloomberg)

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