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Crise da indústria chega também ao varejo

Por Daniela Maccio - 30 de Março 2015

O crescimento de apenas 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado reforçou a iminência de retração da economia. Relatos de empresas de vários setores mostram que o comércio sentiu a ausência do consumidor nas lojas e reduziu encomendas das indústrias e contratação de serviços logísticos. Indústrias e redes varejistas abortaram planos de investimento e não descartam demitir para lidar com o aumento de custos.

 

"Os mesmos fatores que fizeram o dólar subir nas últimas semanas fazem todo mundo parar", afirma Nilso Berlanda, presidente da rede Berlanda, que possui 201 lojas de móveis e eletrodomésticos na região Sul. O empresário relata que em março a queda da receita foi de 10% contra igual mês de 2014, o que fechou um primeiro trimestre muito fraco. Com liquidações, janeiro empatou com 2014, mas em fevereiro a queda foi de 20%, com o impacto da greve de caminhões.

 

Para ele, março mostra o que deverá ser um padrão para 2015. "As lojas estão vazias. A classe C, que puxava as vendas, parou de consumir e está tentando pagar dívidas. A inadimplência aumentou", ressalta. Com a queda de vendas e a falta de perspectiva de reversão do quadro, Berlanda reduziu as suas encomendas entre 10% e 15% em relação a 2014 e avalia que terá que cortar pessoal.

 

O grupo, que também reúne indústrias de colchões, móveis e estofados, possui 2,4 mil empregados em Santa Catarina. Berlanda estuda corte de 10% do quadro. Diz que não pensa em fechar lojas, mas os planos de expansão da rede em 2015 foram suspensos. "A ordem este ano é me manter. Estamos tentando reduzir despesas. As lojas que abastecíamos duas vezes por semana, por exemplo, vamos reduzir para uma vez", conta. "Da última vez em que houve uma crise assim, o Lula baixou o IPI. Mas a Dilma não pode mais fazer isso, porque as pessoas não conseguem mais comprar”, completa.

 

Com informações do Valor Econômico

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