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Siderúrgicas reativam usinas, mas preços do aço continuam subindo

Por Natalia Concentino - 06 de Outubro 2021

Grandes siderúrgicas como a Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal estão fazendo altos investimentos para reativar usinas de aço que estavam desativadas, mas a estratérgia não é baixar os preços e sim evitar o fim das taxas antidumping ao aço chinês a partir de 2022

A estratégia das siderúrgicas com o movimento de reativação das unidades paralisadas vai muito além do que nossa vã filosofia consegue alcançar. De fato, o que elas estão fazendo e se antecipando à renovação do antidumping do aço oriundo da China, que vale até julho do próximo ano. Fazendo isso, elas querem neutralizar qualquer tentativa de se derrubar o antidumping ou que o governo adote medidas de redução de imposto de importação, já que ninguém poderá alegar desabastecimento. Uma atitude esperta, no mínimo.

Assim, os preços no mercado interno – com as devidas proteções governamentais – continuarão livres para aumentar o preço, independentemente das fortes quedas que estão ocorrendo no exterior, principalmente na China.

E, pior para o setor colchoeiro, considerando que o fio máquina, trefilado de aço para molejos de colchões, representa quase nada em termos de receita para Gerdau e Belgo, as duas únicas fornecedoras nacionais irão continuar obtendo altos lucros de um mercado pequeno mas, desta forma, rentável e sem concorrência direta.

E, mais: quando gigantes desenvolvem uma estratégia integrada, envolvendo bilhões de reais em investimentos para alcançar um objetivo específico que, no caso, é manejar o preço de seus produtos em um mercado com potencial de expansão como o Brasil, é muita ingenuidade imaginar que exista algum lobby que possa demovê-los de seu desiderato.

Veja abaixo detalhes dos movimentos das siderúrgicas, visando garantir privilégios no mercado doméstico de aço.

Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal

Com capacidade anual de produção de 420,000 toneladas de aço de aço bruto, a unidade da Gerdau localizada em Araucária, no Paraná, estava hibernada desde o ano de 2014, e teve suas atividades retomadas de forma gradual em setembro, com os volumes ajustados em linha com a evolução do mercado nacional. Com isso, serão gerados cerca de 300 novos postos de trabalho diretos e indiretos.

Marcos Faraco, vice-presidente da Gerdau, diz que estão otimistas com as boas perspectivas apresentadas para o mercado doméstico. Com o reinício da produção, a empresa visa seguir atendendo o aumento da demanda por aços longos no Brasil, bem como otimizar o fornecimento de produtos aos clientes em todo o País em associação às capacidades já existentes.

No mês de agosto, a Gerdau reativou a aciaria da unidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo. Conforme descrito pela empresa, trata se um “reflexo das perspectivas positivas de retomada do setor automotivo no Brasil”. A maior produtora de aço do Brasil ressalta que a usina da unidade estava hibernada desde março de 2019 e irá operar com uma capacidade anual de cerca de 180 mil toneladas de aço.

O reinício das atividades de produção de aço na usina em Mogi das Cruzes, faz parte de um ciclo de “crescimento sustentável” da Gerdau, que prevê investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão na modernização e ampliação das operações de aços especiais no País – contemplando, além da usina de Mogi, as unidades produtoras de Pindamonhangaba (SP) e em Charqueadas (RS).

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Em uma entrevista realizada de maneira virtual, o presidente da Usiminas, Sergio Leite, confirmou a reativação do alto-forno 2. A usina estava paralisada desde abril do ano passado, devido à pandemia e possui capacidade de produção de cerca de duas mil toneladas de ferro gusa por dia.

A Usiminas, que saltou de um processo de falência quase iminente para um papel de destaque no seu segmento, realizará aportes em torno de R$ 1,5 bilhão. O CEO da Usiminas afirma que serão centenas de projetos, envolvendo diversos segmentos, tendo potencial de geração de milhares de vagas de empregos.

A ArcelorMittal retomará as operações da aciaria na usina de Barra Mansa (RJ) ainda este ano. O empreendimento demandará investimentos da ordem de R$ 19 milhões para a manutenção e reforma de equipamentos necessários para o início da produção. O retorno das atividades na aciaria pela siderúrgica, que está paralisada desde 2019, é motivado pelo aumento da demanda do mercado por aço e pelas perspectivas de crescimento econômico do país.

De acordo com a maior produtora de aço mundial, presente em mais de 60 países, o foco dos investimentos da usina em Barra Mansa é atender, principalmente, a crescente demanda do mercado interno de aço.

(Por Ari Bruno Lorandi, diretor da Móveis de Valor, com informações da InfoMoney)

 

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