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E o que será da Black Friday?

Revisado Natalia Concentino - 22 de Novembro 2023

Quando pensamos na Black Friday, a primeira imagem que vem à mente é a de uma multidão fazendo fila nas portas das lojas ou milhares de pessoas passando madrugadas em claro à procura de descontos especiais na internet. 

 

No ano passado, mesmo dividindo atenções com a Copa do Mundo e as eleições, a Black Friday movimentou R$ 3,4 bilhões. 

 

O apelo da data alcança quem vê o evento como uma oportunidade de adiantar as compras de fim de ano gastando menos. É o caso de 75% dos entrevistados de uma pesquisa da McKinsey, que foi realizada com 500 consumidores e oito grandes varejistas no Brasil. 

 

Mas será que o entusiasmo se mantém? Em todo o mundo, eventos promocionais de novembro, como a Black Friday nos Estados Unidos e o Dia dos Solteiros na China, têm perdido força. Taxas de crescimento de dois dígitos deram lugar a um aumento mais tímido ou até queda de receita. Onde antes predominavam descontos altos para gerar vendas, hoje prevalece maior foco em rentabilidade. 

 

No Brasil, o furor também vem diminuindo. Depois de cinco anos de crescimento vigoroso, desde 2021, o cenário mudou consideravelmente. Em 2022, o volume de vendas voltou a patamares de 2019, sem contar a inflação, numa queda de quase 20% em relação ao ano anterior. 

 

Além das tendências globais, o contexto econômico, político e social recente no Brasil criou um cenário de incerteza. Quem apostar numa Black Friday forte pode fechar novembro com dificuldades de concretizar o orçamento do ano; por outro lado, quem optar por diluir demais suas vendas ao longo de outras datas pode correr o risco de perder espaço no coração (e no bolso) do consumidor. 

 

Top of mind 

 

A Black Friday ainda ocupa um lugar importante no imaginário do consumidor. Para metade dos entrevistados, essa é a data promocional mais lembrada do ano – desbancando o Natal e o Dia das Mães. 

 

Por outro lado, entre os consumidores que não compraram nada na última Black Friday, 53% citaram a falta de promoções atraentes como principal razão, indicando certo grau de ceticismo. 

 

Já os varejistas respondentes da pesquisa estão otimistas e têm a expectativa de crescimento de receita para este ano, mas planejam praticar descontos iguais ou menores que os anunciados na última edição. 

 

Qual a solução para encantar consumidores e trazer resultados positivos para os negócios? 

 

O consumidor está on – mas também off 

 

Apesar de apenas 9% dos entrevistados terem adquirido itens exclusivamente em lojas físicas na última Black Friday, 69% disseram ter mesclado compras on e offline. A estratégia multicanal é importante também na hora de anunciar. 

 

Para o consumidor, fontes tradicionais de informação, como TV e vitrines de lojas, e digitais, como redes sociais e sites das marcas, têm relevância similar como meios de se informar sobre ofertas e promoções. 

 

Black além da Friday 

 

Cada vez mais, a Black Friday deixa de estar concentrada em um dia só para se estender por toda a terceira semana de novembro – ou, ainda, durante todo o mês. Sete em cada dez consumidores entrevistados afirmaram ter feito suas compras na semana do evento ou ao longo do mês. 

 

A maioria dos varejistas manteve as ações promocionais da Black Friday de 2022 por mais de duas semanas. Roupas e acessórios, celulares e computadores apareceram como as categorias mais adquiridas na última edição da Black Friday entre os respondentes. 

 

Modalidades de eletrônicos, como TV, celular e computador, são as que os consumidores mais se planejam para comprar – virtualmente 100% dos que realizaram essas compras se programaram para isso. Em comparação, aproximadamente 25% dos que compraram perfumes e cosméticos disseram que não haviam planejado a compra. 

 

Promovendo o ganha-ganha Tendências globais mostram como varejistas podem explorar diferentes caminhos para promover um ganha-ganha entre os consumidores. 

 

leia: Inflação menor pode gerar recorde de vendas na Black Friday

 

1. Ressignificar: dar um novo significado à Black Friday pode ser um bom negócio. Varejistas da China, por exemplo, transformaram o Dia dos Solteiros num evento de inovação, quando empresas lançam novos produtos e serviços exclusivos. Promover pautas especiais, como ESG, tema cada vez mais relevante para os consumidores, é outra opção. 

 

2. Criar oportunidades além da Black Friday: eventos exclusivos e não associados ao calendário padrão do mercado podem dar aos consumidores a oportunidade de conhecer mais profundamente ofertas de varejistas específicos. Um exemplo disso é o Prime Day, dia em que a gigante do comércio eletrônico Amazon anuncia ofertas exclusivas para membros Prime. A Shopee, por outro lado, realiza eventos promocionais em todas as datas em que o número do dia e do mês coincidem. 

 

3. Personalizar para fidelizar e trazer valor: pesquisa da McKinsey mostra que 71% dos consumidores esperam que as empresas entreguem uma interação personalizada – quem o faz gera 40% a mais de receita. A personalização é ainda mais poderosa quando aliada a programas de fidelidade, capazes de aumentar as receitas em até 25% ao ano. 

 

Em breve, conheceremos o resultado da Black Friday de 2023. Até agora, o que se sabe é que os consumidores brasileiros continuam adorando promoções, mas estão de olhos abertos e carteira fechada. E o varejo tem a oportunidade de dar o primeiro passo e propor novas alternativas. 

 

*Artigo de Fernanda Hoefel, sócia da McKinsey em São Paulo. Beatriz Federico é sócia associada da McKinsey em São Paulo. Publicado em www.braziljournal.com

 

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