Estudo aponta o perfil da classe C
Por Edson Rodrigues
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05 de Outubro 2011
Alguns dos vícios recorrentes nas mensagens publicitárias estão, por exemplo, no uso de fórmulas estabelecidas, como nos comerciais das redes varejistas, sempre uns decibéis acima para destacar as ofertas. "Esse tipo de propaganda é para pegar pobre", diz um dos pesquisados. Ao contrário do que se prega, "eles rejeitam desordem, bagunça, gritaria e falta de espaço. A harmonia faz parte do imaginário que projetam", aponta a pesquisa.
Outro erro clássico, revela a pesquisa, é interpretar a classe C como bloco e não como um grupo heterogêneo de 110 milhões de pessoas de origens e hábitos distintos. Muitos acham que esses consumidores não têm repertório cultural e desprezam design. "Eles não querem ser rotulados e vivem uma fase de transição. Acabaram de sair de uma situação, com a melhora do poder de compra, e ainda não entraram em outra, porque experimentam consumos antes inexistentes em seu cotidiano. É uma fase inaugural na vida deles", afirma Cintia.
Mesmo com o ganho de poder de consumo, os integrantes desse segmento, definido pelos padrões de pesquisa como os que recebem entre R$ 1.115 a R$ 4.807 por mês, não podem abrir mão da vida em coletividade, até mesmo para garantir essa crescente capacidade de consumo. Nas comunidades em que moram, eles se ajudam. Uns tomam conta dos filhos dos outros, trocam conhecimentos e até compartilham compras em cartão de crédito. Isso aumenta o poder de compra deles. Se saírem dessa teia de valores baseada na ajuda mútua, perdem uma receita indireta e difícil de ser contabilizada.
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