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Mostra reúne a evolução do móvel capixaba

Por Jeniffer Oliveira - 13 de Julho 2018

A exposição “Móvel Capixaba: Passado e Presente” reúne, desde a última quinta-feira (12) até 23 de setembro, peças, imagens e textos que fazem um apanhado dos móveis produzidos no Espírito Santo. A intenção da mostra, que está sendo realizada no Sesi Arte Galeria de Vitória (ES), é realizar um resgate histórico e apresentar as diversas fases do setor moveleiro no Estado.

 

Com curadoria de Adélia Borges, produção do Studio Ronaldo Barbosa e realização do Sesi-ES, a exposição traz um olhar panorâmico sobre a produção moveleira capixaba, abrangendo desde o século 19 até aos dias atuais. Fruto de uma investigação por todo o Estado, a seleção inclui cerca de 50 móveis de diversas tipologias e 20 painéis fotográficos, além de um vídeo elaborado especialmente para o evento.

 

“As pesquisas trouxeram à luz uma qualidade surpreendente. Num tema amplo, decidimos colocar o foco em peças que tenham a madeira e seus derivados como matéria-prima principal e privilegiar aquelas que revelem um esforço criativo próprio, valorizando seu design”, afirma Adélia. 

 

O percurso está dividido em seis núcleos. “O Legado dos Imigrantes” apresenta as criações de imigrantes italianos, pomeranos e poloneses que, dispersos pelas áreas rurais do Estado e contando com ferramentas rústicas trazidas da Europa, elaboravam suas próprias casas e móveis, aproveitando o conhecimento prévio de alguns na arte da marcenaria. Hoje essas peças se configuram em relíquias de grande valor histórico e objetos de desejo de colecionadores de vários Estados.

 

Marcenaria Primorosa” traz exemplares elaborados entre os anos 1940 e 1970 por marceneiros que primam pelo rigor da confecção artesanal, em estilos variados. Os autores do núcleo são o português Maia, o brasileiro João Menezes e os descendentes de italianos Pietro de Tassis e Abílio de Tassis.

 

Mestres do Moderno” mostra a atuação destacada no Estado de três dos nomes mais importante do mobiliário moderno nacional. Joaquim Tenreiro, nos anos 1960, e José Zanine Caldas e Sergio Rodrigues, nos anos 1980m, passaram temporadas no Espírito Santo durante o desenvolvimento de seus projetos. De Tenreiro, duas cadeiras e várias fotos de ambientes representam a residência do empresário Camilo Cola em Cachoeiro do Itapemirim. Móveis e fotos de detalhes arquitetônicos da Pousada Pedra Azul, no município de Domingos Martins, marcam a presença de Zanine.

 

Design Contemporâneo Capixaba” reúne o talento dos muitos designers e arquitetos atuantes no momento no Espírito Santo, representados por Ana Paula Castro, Cezar Guedes, Luizah Dantas, Edu Silva, Irenêo Joffily Bisnetto, José Daher Filho, Jorge Zuccolotto, Marília Celin, Paulo Cesar Casate, Ricardo Freisleben, Rita Garajau, Ronaldo Barbosa, Rubens Spilszman, Rusimar Antônio, a dupla Cintia Chieppe e Márcia Paoliello e o departamento interno de desenvolvimento de produtos da Serpa Marcenaria.

 

Para o núcleo “Alcance Nacional” foram selecionados alguns exemplos da vasta produção de marceneiros capixabas para arquitetos e designers de outros estados, por conta do alto padrão e qualidade do trabalho oferecido. Nomes como Arthur Casas, Claudia Moreira Salles, Eliane Pinheiro, Gisele Taranto, Lia Siqueira, Ivan Rezende e Miguel Pinto Guimarães são alguns dos que escolhem com frequência produção dos fornecedores capixabas. A maior parte é composta por armários, estantes, balcões e divisórias sob medida. Muitas dessas peças, nascidas de um projeto de arquitetura, passam a ser incorporadas ao mercado nacional de mobiliário.

 

As empresas fornecedoras nos dois núcleos acima são a Cap Israel, Demuner, Painel Verde, Maison Móveis, e marcenarias Espírito Santo, Serpa, Bisnetto, Gilmar Leite e Francischetto, além das oficinas artesanais ou semi-artesanais mantidas pelos próprios designers.

 

O último segmento, “A Potência da Indústria”, é dedicado ao móvel produzido em grandes séries no polo moveleiro de Linhares, caracterizado pela alta performance tecnológica, com a utilização de maquinário de última geração. O recurso utilizado para exemplificar essa produção é um armário “explodido” em seus vários componentes. Um vídeo preparado para a mostra traz imagens dos processos racionalizados de produção e depoimentos do diretor-presidente da Rimo e presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira do Espírito Santo, Luiz Rigoni; do diretor da Cimol, Ademilse Guidini; e do diretor da Panan, Paulo Nascimento.

 

O polo de Linhares, que em 2016 faturou 350 milhões de reais e gerou 1.400 empregos é uma evolução das pequenas marcenarias dos descendentes dos imigrantes. Nessas empresas, o serrote, o formão e o enxó foram substituídos por máquinas de última geração controladas por computadores, que realizam usinagens precisas e evitam o desperdício de material.

 

Ao demonstrar como as origens da imigração resultaram em uma atividade moveleira de grande capacidade técnica, a organização da exposição afirma que pretende contribuir para a difusão da cultura do projeto no segmento e fomentar a atividade no Estado. Passado e presente, assim, apontam para renovadas possibilidades do futuro, por meio da aproximação entre a excelência produtiva e a capacidade criativa.

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