Especialista apoia uso sustentável da madeira
A brasileira e oficial sênior da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Thaís Linhares-Juvenal, defende a exploração da chamada madeira sustentável. Para a especialista, é preciso acabar com o mal-entendido sobre o uso produtivo de recursos florestais, associado ao desmatamento.
Em entrevista ao serviço de notícias em português das Nações Unidas em Nova Iorque, a ONU News, a dirigente lembra que as florestas ganharam destaque no cenário político internacional e nacional por uma questão negativa: a devastação do meio ambiente. A importância do tema permitiu reverter a tendência de destruição e voltar a ter um crescimento da cobertura vegetal. Contudo, “isso também marginalizou os produtos florestais, sobretudo a madeira”, avalia Thaís. Uma das consequências foi a busca por novas matérias-primas, que não são necessariamente mais sustentáveis que a fibra das árvores.
“A madeira é um produto renovável, com baixa taxa de emissões de gases do efeito estufa. Uma tora de madeira estoca carbono, mas não emite carbono. Mas o setor de construção civil passou fundamentalmente ao alumínio, ao PVC, que é atualmente baseado em combustíveis fósseis, e ao aço”, explica a brasileira.
Para a especialista da FAO, a “madeira sustentável é uma madeira produzida respeitando o ciclo da floresta e questões sociais do entorno. As comunidades locais trabalham para a floresta. Quem sabe o valor que um produto florestal pode dar não devasta. Quem tira a floresta é aquele que não vive da floresta.”
A dirigente acrescenta que o uso de recursos naturais pode ser ecologicamente responsável, quando adotados preceitos que respeitem a rotação natural do meio ambiente e preservem os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade.
“A gente precisa acabar com esse antagonismo entre produção, floresta e conservação ambiental. Não há antagonismo. O que há é uma necessidade de diálogo e conciliação com base em evidências”, ressalta Thaís. “O caminho para a sustentabilidade é um caminho que passa pelo diálogo, por políticas formuladas a partir de um entendimento claro das necessidades, que são as necessidades do ambiente, da economia, de alimentação, de emprego, de preservação.”
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