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Fechamento de marcenaria causa enxurrada de reclamações

Por Natalia Concentino - 22 de Fevereiro 2022

O fechamento da Atual Requinte, marcenaria localizada em São José do Rio Preto (SP), provocou uma "enxurrada" de reclamações nas redes sociais e até mesmo denúncias na Polícia Civil. A empresa fechou as portas na semana passada. Desde então, clientes que já haviam contratado os serviços para confecção e montagem de móveis planejados tentam receber de volta os valores pagos.

Desde a última sexta-feira, 18, clientes da marca têm espalhado relatos de insatisfação. Ao Diário da Região, a marcenaria negou que tenha dado golpe e disse que, por meio de seu departamento jurídico, está estornando valores e dialogando sobre os casos.

Parte dos clientes procurou a Polícia Civil para denunciar prejuízos após a empresa fechar as portas e desativar perfis nas redes sociais. Na internet, há diversas reclamações, desde 2019, no site "Reclame Aqui", sobre descumprimento de contrato e obrigações.

Na Justiça de Rio Preto, a mesma marcenaria é alvo de pelo menos oito ações relacionadas ao fornecimento de móveis planejados. Em um dos casos, ajuizado no início de fevereiro deste ano, uma cliente pede devolução de quase R$ 50 mil.

Em outro, a cliente pagou R$ 10 mil pelo serviço, que seria realizado em dezembro de 2019, e também pede a devolução dos valores. Há também casos que foram parar na Justiça que já foram encerrados, com acordos entre as partes, um no valor de R$ 7.250 e outro de R$ 21.091.

Os registros dos últimos dias à polícia apresentam, em comum, a mesma narrativa de rápido contato para fechar o negócio e dar entrada, seguida de atraso para medições e início de projetos e sumiço de funcionário pelo telefone na hora de entregar ou instalar o serviço e itens.

A reportagem chegou a falar com uma ex-funcionária da marcenaria, que não quis se identificar e contou ter recebido ofensas e até mesmo ameaças de morte de clientes que ainda não tiveram o dinheiro de volta e não conseguiram contato com a empresa.

Sem resposta

Em um boletim de ocorrência registrado no domingo, 20, um homem de 39 anos contou que contratou o serviço da empresa para móveis planejados em seu apartamento em dezembro. Até o momento, após sustar cheques, a vítima calcula R$ 5 mil de prejuízo.

Segundo relato dele, foi acordado um valor acima de R$ 23 mil, parcelado em 10 cheques, tendo sido o primeiro descontado ainda naquele mês. Segundo o homem, o prazo para a entrega dos móveis era em até 60 dias após as medições, que ficaram marcadas para meados de janeiro, o que, de acordo com o relato, não aconteceu na data correta, tendo sido realizada somente na semana passada.

Na sexta-feira, ao entrar em contato com o funcionário responsável pela medição, o comprador descobriu que a empresa havia fechado.

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Empresa culpa a pandemia

No local onde funcionava a Atual Requinte, um comunicado pregado na porta do prédio informa que, "em razão dos reflexos da pandemia do coronavírus", a empresa está passando por "reestruturação" e, por conta disso, não realizaria novos orçamentos.

"Todos os clientes que têm contrato conosco terão os projetos entregues ou será realizado o estorno dos valores já pagos", finalizou o aviso, que disponibilizou dois telefones para esclarecimentos.

No entanto, de acordo com as reclamações, não tem sido possível contato com nenhum dos telefones, nem por ligação telefônica, nem por mensagem de WhatsApp. Ao Diário, a empresa garantiu que os contatos estão disponíveis e que tem conversado com os clientes, tendo feito, inclusive, oito estornos só nesta segunda-feira, 21.

À espera do projeto

Ao Diário, uma moradora de Rio Preto, que preferiu não se identificar, disse que contratou móveis planejados com a empresa para a reforma de sua casa, em agosto do ano passado, por meio de um vendedor. Na ocasião, pagou metade do serviço, via cartão de crédito, no valor de quase R$ 10 mil.

A mulher contou que o projeto, que nunca foi iniciado, passou pelas mãos de pelo menos três profissionais, uma rotatividade que não lhe inspirou confiança. 

O mesmo aconteceu com outra compradora, que procurou o 1º Distrito Policial nesta segunda. Ela fechou com a empresa para o projeto de móveis planejados no ano passado, quando pagou 70% do serviço à vista, o que ultrapassa o valor de R$ 10 mil.

Ao procurar o vendedor, em dezembro, para marcar a medição, descobriu que ele já não atuava mais na marcenaria e recebeu o contato de um gerente, que nunca retornou suas mensagens ou atendeu o telefone. Diante disso, procurou a empresa e conversou com um homem, exigindo a visita do marceneiro para começar as obras.

Um mês e meio depois, o profissional foi até o local e deu prazo de 60 dias para entregar o serviço. Na última sexta-feira, foi informada pelo profissional que a empresa havia sido fechada e ele já não trabalhava mais lá. Desde então, não conseguiu mais contato com a marcenaria.

Empresa garante que devolverá quantias

Procurada pela reportagem, a marcenaria afirmou que existe há três anos e que "nunca passou por esse transtorno de entrega em atraso". Segundo a empresa, o atraso nas entregas foi descoberto pelo proprietário em dezembro, em meio a um cenário de falta de mão de obra em decorrência de casos de Covid.

No início do ano, a empresa diz que passou a contratar uma nova equipe, com funcionários amparados pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), para que pudesse haver "maior compromisso". No entanto, nas últimas semanas, diversas ameaças por conta do atraso levaram a empresa a fechar as portas ao público, mas seguindo no trabalho terceirizado para outras marcenarias.

Paralelamente a isso, afirmou que "continua atendendo quem quiser, seja para entregar o serviço ou estornar" os valores pagos, o que pode ser feito por meio do advogado da firma.

"Estamos aconselhando e dando um distrato para as pessoas pra tentar facilitar e estamos também oferecendo parcelamento para devolver o dinheiro. Ninguém desapareceu. Isso não é um golpe. Empresas passam por dificuldades e não queremos prejudicar ninguém", informou, dizendo estar "em dificuldade financeira, tentando se reerguer".

(Com informações Diário da Região)

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