Festival de arte expõe bancos indígenas
Bancos Indígenas do Xingu estarão expostos em um estande no setor de design da 15ª edição do Festival Internacional de Arte de São Paulo (SP-Arte) 2019, que acontece entre 3 e 7 de abril, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo (SP). Peças esculpidas por artistas dos povos Kamayurá, Mehinaku e Waujá receberão destaque no festival por aliar tradição, arte e design.
Os assentos indígenas expandem o conceito de função para a dimensão simbólica, assumindo o uso ritual ou cotidiano, de acordo com o contexto. Além disso, funcionam como um demarcador social, pois há bancos de uso exclusivo masculino, feminino ou de caciques e pessoas importantes. As peças também contam com uma dimensão cosmológica, como os bancos que são usados por pajés como instrumento de transcendência ao mundo espiritual. "Os bancos indígenas são repletos de arte brasileira. São os principais artefatos do povo Menhinaku e símbolo da arte indígena do Brasil”, afirma um dos artistas envolvidos no trabalho, Mayawari Menhinaku.
Nas sociedades não-indígenas, essas peças se inserem como objetos de decoração, abrindo novos horizontes de reflexão sobre as complexas inter-relações entre as artes tradicionais e a cultura contemporânea. Tudo isso graças ao trabalho de Apahu Waurá, Kapiture José Kamayurá, Kulikyrda "Stive" Mehinako, Mayawari Mehinako, Tsiuya Turuza Waurá, Uruhu Mehinako, Yatapi Mehinako e Yawaitse "Ontxa" Mehinako.
Os bancos presentes no SP-Arte 2019 são parte de uma produção contemporânea, que apresenta um diálogo entre elementos da tradição e a liberdade da criação autoral. Esculpidos sempre a partir de um único tronco de madeira, sem juntas ou emendas, assumem a forma de animais da fauna brasileira e de entidades míticas. São decorados com grafismos tradicionais, pinturas que se referem a animais, num universo de expressões visuais que, muitas vezes, se revela através de sonhos e transes.
A diversidade e o repertório comum da arte do complexo cultural alto-xinguano, composto por nove etnias, estará representado pelos Kamayurá (da aldeia Morená), Mehinaku (das aldeias Kaupuna e Utawana) e Waujá (da aldeia Piyulaga), cuja participação no SP-Arte se dá de forma independente e conta com o apoio da Coleção BE? e do SP-Arte.
Os artistas que vão integrar essa mostra no SP-Arte 2019 já participaram, em 2018, da exposição "Bancos Indígenas do Brasil", realizada no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, e da exposição "Benches of the Brazilian Indigenous Peoples: Human Imagination and Wildlife" (Bancos dos povos indígenas brasileiros: imaginação humana e vida na selva), no Museu de Arte Teien, em Tóquio.
Em São Paulo, a expografia foi assinada por Eiji Hayakawa e Claudia Moreira Salles, enquanto que no Japão foi assinada por Toyo Ito. Nas duas cidades, as exposições receberam cerca de 60 mil visitantes. Hoje as exposições estão no Museu de Arte Indígena, de Curitiba e, em breve, no Museu de Arte Moderna de Saitama, Japão, com abertura prevista para o dia 6 de abril.
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