IMG-LOGO

Fiscalização do Inmetro em colchoeiras repercute na Abicol

Por Natalia Concentino - 02 de Julho 2024
fabrica_de_colchao.png
Imagem: Freepik

A fiscalização realizada pelo Inmetro e os resultados divulgados pelo Fantástico, da Rede Globo, dia 23 de junho, continuam repercutindo no setor colchoeiro. Em busca de um posicionamento da Abicol (Associação Brasileira da Indústria de Colchões) sobre o assunto e as consequências da reportagem, conversamos com Rogério Coelho, presidente da Comissão de Normas e Certificações da entidade.

 

Rogério diz que o tema pode ser dividido em três partes: a matéria feita pelo Fantástico, a ação de fiscalização do Inmetro e o que foi feito depois da reportagem. 

“Acredito que a matéria feita pela Rede Globo teve algumas inconsistências e não foi esclarecedora o suficiente para os consumidores. 

 

Além disso, a publicação de uma planilha no site do Instituto com os nomes das empresas e suas respectivas classificações de "aprovada" ou "reprovada" foi extremamente grave. Mesmo com a remoção da planilha pelo Inmetro, pode ter ficado a impressão de que a empresa como um todo foi reprovada, quando na verdade apenas um ou alguns colchões foram analisados. 

Esse equívoco pode ter um impacto negativo significativo e difícil de reverter na imagem das empresas. 

 

Sobre a matéria, em um dos momentos é exibida a fala de um técnico do Inmetro afirmando que a densidade é a dureza da espuma, o que não está correto e pode confundir o telespectador, pois densidade é a relação entre a massa de um material e o volume por ele ocupado”, explica.

 

Além disso, observa que não há nenhum estudo sobre a relação entre um sono agitado e o uso de colchões de mola, como foi dito por uma das entrevistadas. “Esse tipo de informação pode confundir o consumidor”, e acrescenta que a produção do programa poderia ter ouvido membros do Observatório do Colchão, por exemplo, que têm profundidade de conhecimento sobre colchões.

 

Rogério Coelho acredita que os resultados foram apresentados de uma forma complexa para os leigos. “Esses resultados supriram mais a curiosidade de lojistas e fabricantes de colchão do que do consumidor em si, que dificilmente entendeu o que foi mostrado na tabela. É outro ponto que poderia ser esclarecido pela equipe do Observatório do Colchão, facilitando a interpretação desses dados”, observa.

 

Sobre a ação de fiscalização do Inmetro, Rogério diz que é fundamental que isso ocorra, mas destaca que o órgão pode realizá-la de outras maneiras. “De 2019 até o início de 2023 o setor colchoeiro sofreu com a falta de ações efetivas de fiscalização por parte do Inmetro, o que permitiu que algumas empresas parassem de seguir as normas, gerando um problema no mercado e prejudicando quem trabalha de acordo com as regras estabelecidas”.

 

E reforça: “É muito importante que o Inmetro continue fazendo essas ações, não precisa sempre uma fiscalização grande como essa, porém é preciso fiscalizar o setor constantemente. Outro ponto interessante é fiscalizar as grandes empresas do setor, pois nessa última ação alguns fabricantes tiveram mais de uma unidade fiscalizada e outros ficaram de fora”.

 

leia: Prós e contras do processo da fiscalização do Inmetro em colchões

 

O presidente da Comissão diz que o ideal seria pelo menos uma unidade das fabricantes de colchão ser testada, isso ajudaria a coibir práticas que prejudiquem o consumidor. “Também, o Inmetro acabou juntando nessa divulgação empresas que cometeram erros apenas na etiqueta (que não lesam o consumidor) com aquelas que tiveram grandes problemas relacionados a densidade e teor de cinzas, o que pode confundir o telespectador que acompanhou a reportagem”, pontua.

 

Rogério aponta que a Abicol entende como positivo esse processo. “As empresas que apresentaram problemas têm todo o direito de se defender e corrigir esses erros, mas devem sofrer sanções. É muito importante que esse tipo de fiscalização e divulgação feita pela imprensa continue acontecendo, pois a mídia tem o papel de cobrar e mostrar o que está sendo feito”, avalia.

 

Mas, a atitude de algumas empresas que não foram testadas pelo Inmetro causou indignação na entidade colchoeira. “Algumas empresas sequer tiveram produto testado e saíram divulgando nas redes sociais que foram aprovadas no último teste feito pelo órgão, isso é enganoso. As marcas não devem fazer esse tipo de promoção de imagem se não foram, de fato, fiscalizadas”, critica Rogério.

 

Rogério Coelho afirma ainda que a expectativa da Abicol é que seja implementada uma nova portaria no Inmetro, que unifique normas para colchões de espuma, molas e látex. “Sabemos que o Inmetro tem um trabalho muito grande de fiscalização em todas as áreas, mas estamos esperando que essa nova portaria seja aprovada, mais atualizada e de acordo com o momento vivido pelo mercado, para facilitar o trabalho das empresas e dar ênfase no produto acabado, o que é mais importante”, conclui.

Comentários