Governo injeta R$ 66 bilhões na economia com 13º a aposentados
O governo federal vai injetar R$ 66 bilhões na economia entre o final de abril e começo de junho com a antecipação do pagamento do 13º salários para cerca de 33,7 milhões de aposentados e pensionistas do INSS. A primeira parcela será depositada no dia 24 de abril. A expectativa é que boa parte desses recursos seja destinada a quitação de dívidas e outra vá para o consumo.
O ano de 2023 terminou com alta de 2,9% do PIB, bem acima do que se imaginava no começo do ano – de 0,8% - alavancado pelo preço das commodities, tanto agrícolas quanto extrativas. O governo pretende não repetir o aconteceu ano passado, quando o crescimento do PIB cresceu somente nos dois primeiros trimestres. Para analistas, a expectativa é que a demanda doméstica seja o principal motor de crescimento em 2024, puxada pela expansão do crédito, que viria na esteira da queda do juros e de um aumento da renda.
É possível pensar na força do consumo e na aposta de recuperação mais alta à frente. Convém ponderar, contudo, que o endividamento das famílias continua alto e este é um forte limitador ao aumento forte do consumo. Projeções da Confederação Nacional do Comércio apontam que o nível de endividamento deve crescer nos próximos meses, chegando a 79,9% em dezembro de 2024. Já a proporção de famílias inadimplentes deve manter trajetória de queda, fechando o ano em 27,3%.
No caso da indústria de transformação – onde está o setor moveleiro – as previsões indicam que não muito o que esperar. A nova política industrial do governo, da qual se esperava alguma recuperação, continua pouco convincente, porque é abrangente demais e destituída de metas confiáveis.
Intervenção na economia
Em uma longa entrevista ao jornal Estado de São Paulo, Samuel Pessoa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, avalia que o presidente Lula vive uma situação de autoengano, o que o leva a repetir políticas equivocadas, de maior intervenção do Estado na economia. “Em 2024, esse caminho tem ficado claro. O governo tentou emplacar o ex-ministro Guido Mantega no comando da Vale e abriu uma crise com o não pagamento de dividendos extraordinários na Petrobras”, disse.
Citando a entrevista de Lula ao SBT, o pesquisador diz que o presidente ainda defendeu que os bancos públicos reduzam os juros para forçar a redução por parte de outros participantes do mercado e voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
De acordo com Pessôa, a origem dessa insistência numa política econômica equivocada tem a ver com a construção de um argumento “não verdadeiro” criado por Lula e o PT, de que a turbulência econômica da década passada nasceu de uma crise política, depois que o candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, questionou o resultado da eleição de 2014. Para o pesquisador, portanto, não se “aprendeu” com os equívocos do passado.
*Por Guilherme Arruda, jornalista convidado
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