Incerteza macroeconômica afeta a produção industrial argentina
Em julho, a atividade industrial na Argentina registrou queda mensal de -0,2% em relação ao mês anterior (sem sazonalidade). No entanto, o mês foi afetado por maior incerteza macroeconômica, embora o impacto na produção tenha sido mais moderado do que o esperado, em função da redução dos estoques.
O Relatório Industrial elaborado pelo Centro de Estudos da UIA (Unión Industrial Argentina) mostrou que 54% das empresas baixaram seus estoques de matéria-prima, enquanto o prazo de entrega dos fornecedores foi estendido.
Apesar de registrar aumentos na generalidade dos setores de atividade, o relatório da UIA destaca que “o segundo semestre do ano começou com elevada incerteza e uma perspectiva mais complexa para a produção, fruto de tensões macroeconómicas e restrições ao acesso a divisas e ao comércio externo”. Pelo menos 74% das empresas tiveram dificuldades para obter suprimentos e 70% para pagar as importações. Da mesma forma, 32% interromperam parte de suas operações, enquanto outras 46% consideraram provável que o fizessem em breve.
Isso teve um impacto negativo nas expectativas: o percentual de empresas com expectativas positivas sobre sua própria situação econômica caiu para 33,5% (46,1% na pesquisa anterior), recuando pela segunda pesquisa consecutiva. Enquanto isso, as expectativas sobre a situação do país também mostraram deterioração: apenas 21,4% das empresas esperam que a situação econômica melhore no próximo ano.
Outro elemento de incerteza esteve associado ao aumento dos preços do crédito. “Isto refletiu-se num aumento das taxas de juro, o que poderá ter um impacto negativo no financiamento das empresas, principalmente PME, dado que é o segmento que mais aumentou o seu financiamento nos últimos meses”, indica o trabalho da UIA.
Com esse panorama, a perspectiva traçada pela entidade quanto ao desempenho da atividade industrial para os próximos meses do ano, indica que ela será influenciada pelo futuro das principais variáveis macroeconômicas, que ficará condicionada pela alta inflação, dificuldades para o oferta de insumos e o aumento do custo do crédito. “A continuidade das medidas destinadas a aumentar a receita de divisas e reduzir a incerteza será essencial”, conclui o relatório.
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