Indústria mineira projeta perda com greve
A paralisação dos caminhoneiros vai ser um baque na lenta recuperação da indústria. Em Minas Gerais, o prejuízo imediato foi estimado em R$ 2,47 bilhões entre 22 e 31 de maio. Na segunda semana de paralisação, 80% das indústrias ficaram sem funcionar, de acordo com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
A entidade apresentou, nesta segunda-feira (4), a revisão nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e da produção industrial, já computando o impacto da crise.
Enquanto a queda no PIB nacional com a greve que tomou as estradas brasileiras foi estimada em 0,5 ponto percentual, em Minas a queda no PIB foi projetada em 1,4 ponto percentual. Além dos prejuízos na produção, as incertezas sobre o futuro político e econômico adiaram investimentos do setor privado no estado, aponta a entidade.
A previsão de crescimento da economia mineira que era de 2,6% para 2018 passou para 1,2% – a redução foi de mais da metade do crescimento previsto para o PIB no estado. O impacto foi ainda mais assustador na produção industrial física, que tinha projeção de crescer 3,3% até o fim do ano e agora as estimativas já apontam para uma retração de -1,5%.
Indústria moveleira mineira
Na opinião do presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), Aureo Calçado Barbosa, a Fiemg foi até que “conservadora quanto ao impacto”. Segundo ele, o cenário do setor de móveis poderá ser crítico considerando que há quatro anos o segmento sofre com o baixo consumo.
“Não temos conseguido repassar para os preços os nossos aumentos de custos, por conta de tributos, salários e transporte. E, por mais que tenhamos sido criativos em nossas soluções inovadoras e na redução de custos de nossos produtos, sofremos com forte redução de nossas margens brutas no ato da venda”, afirma o presidente.
Barbosa acrescenta que as empresas do setor de móveis de Ubá têm trabalhado com giro máximo de estoques e, com a greve, sofreram forte turbulência em seus fluxos de matérias-primas, produção e caixa. “E um novo equilíbrio vai se estabelecer com muitos prejuízos, alguns irreversíveis”, pondera.
Reoneração
Sobre a reoneração da folha de pagamento, uma das medidas do governo para compensar a redução do preço do diesel, Barbosa se mostra bastante preocupado. “Parece que nunca existiu planejamento estratégico. Diante de quaisquer tropeços, o governo não tem nenhuma capacidade de reagir ou suportar, sobrando como alternativa aquele velho truque ‘toma aqui e tiro dali’", critica.
Para o presidente, “reonerar o que já está demasiadamente onerado, só pode criar mais problemas para as empresas, que, certamente terão como saída, reduzir o quadro de funcionários”.
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