Indústria do sono transformou descanso em símbolo de status
A rotina das grandes cidades e o ritmo frenético da tecnologia transformaram o hábito de dormir bem em uma medida de sucesso. A Associação Brasileira do Sono estima que 75% da população apresenta queixas que vão dos distúrbios (insônia, ronco e apneia) às insatisfações (cansaço recorrente e sonolência diurna). Gabriel Pires, biomédico e pesquisador do Instituto do Sono, afirma que “estamos vivendo uma epidemia de sono insuficiente”. E isso abastece um mercado altamente lucrativo.
Nos EUA, pesquisa da consultoria McKinsey mostra que a indústria do sono chega a faturar até U$ 40 bilhões por ano. No Brasil, segundo dados do estudo de mercado do Intelligence Group, as vendas de colchões movimentaram em 2018 cerca de R$ 9,4 bilhões.
O engenheiro mineiro Rafael Moura, fundador da rede de franquias I Wanna Sleep – que fatura milhões vendendo de chá relaxante a colchão tecnológico, passando por travesseiros personalizados e até cascatas para dormitórios e que já foi entrevistado na edição 179 da revista Móveis de Valor para a seção “Bed Report” – é um dos muitos empreendedores dedicados a oferecer facilitadores do sono. “Dormir bem não deveria ser um luxo, mas hoje poucas pessoas conseguem ter o privilégio do sono reparador”, afirma o empresário.
Símbolo de status
Nos anos 1990, um experimento da NASA demonstrou que seus pilotos atingiram melhores níveis de performance e atenção depois de cochilar por 26 minutos durante o expediente. Inspiradas nisso, hoje no Brasil empresas como P&G, Novartis, Sanofi e o Hospital Albert Einstein têm adotado cabines que oferecem aos funcionários mal-dormidos um cochilo reparador. O benefício é oferecido pela Cochilo, que também conta com dois cochilódromos de rua em São Paulo, onde recebe, em média, 150 pessoas por dia. As sonecas são divididas por períodos de 15 minutos, com tempo máximo de uma hora, e custam entre 12 e 25 reais. O serviço é contraindicado aos insones.
Fonte: gq.globo.com
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