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Indústria moveleira gaúcha fecha o ano com alta no faturamento

Revisado Natalia Concentino - 11 de Dezembro 2023

As indústrias de móveis do Rio Grande do Sul enfrentaram diversos desafios em 2023, necessitando entender o mercado e o cenário econômico para, dentro do possível, manterem seus negócios saudáveis. Inflação, queda no varejo e no poder de compra, além de guerras internacionais, são alguns dos fatores que impactaram o setor moveleiro gaúcho.

 

Com base em dados históricos disponibilizados pela Secretaria da Fazenda (Sefaz), a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) projeta que as mais de 2.400 fábricas moveleiras gaúchas gerem faturamento em torno de R$ 12 bilhões até o final de 2023. A estimativa leva em consideração o montante já movimentado entre janeiro e outubro (R$ 11,57 bilhões) e o possível aumento das vendas após datas como Black Friday e Natal. Se confirmada, a projeção de faturamento representará um aumento nominal de 4% em relação a 2022, sendo essa porcentagem abaixo da inflação prevista pelo relatório Focus do Bacen, que é de 4,54% (IPCA).

 

As exportações e a geração de empregos são outros parâmetros que ajudam a esboçar um termômetro do setor. Utilizando como referência as estatísticas divulgadas pelo portal Comex Stat, do Governo Federal, além de analisar os movimentos do mercado externo, a Movergs entende que as exportações de móveis produzidos no Rio Grande do Sul poderão movimentar mais de 250 milhões de dólares até o final de 2023 – desempenho parecido com o do ano anterior. Já o saldo de empregos tende a ser positivo, totalizando quase 36.900 vagas ocupadas, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

 

Mesmo com o cenário muitas vezes adverso, os empresários necessitam buscar alternativas para fortalecer suas indústrias – como inovação, tecnologia, design, conhecimento e novas parcerias. Uma das estratégias foi a visitação à feira Fimma Brasil, realizada pela Movergs em agosto deste ano, em Bento Gonçalves. Além de negócios com fornecedores de máquinas, insumos, matérias-primas, ferragens, ferramentas, software e diversos outros segmentos, empresários e gestores de fábricas de móveis encontraram parcerias e conteúdos valiosos sobre diferentes temas.

 

A entidade também realizou o 31º Congresso Movergs, importante evento da cadeia moveleira que aborda temas essenciais e traz reflexões necessárias aos empresários do setor. Em novembro, o Congresso contou com palestras e cases que abordaram assuntos como economia, empreendedorismo, inovação e comportamento. Centenas de participantes prestigiaram o evento, especialmente empresários, fornecedores e gestores de indústrias moveleiras. Um dos destaques foi a palestra “Cenário Econômico e as Perspectivas para a Indústria de Móveis do RS”, apresentada pelo economista chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes. Com apoio do Sebrae RS, o conteúdo foi compilado em um e-book gratuito disponível para download no site movergs.com.br.

 

leia: Fimma e Movelsul anunciam que vão acontecer separadas em 2025

 

Articulações

 

Em abril, foi instalada a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Moveleiro – proposta pelo deputado estadual Guilherme Pasin, que define a iniciativa como um ponto de encontro entre interesses privados e públicos do estado do Rio Grande do Sul. O Ato, realizado na Assembleia Legislativa do RS, em Porto Alegre, teve participação de diversos líderes políticos e sindicais – além de empresários do segmento.

 

Uma parceria entre a Movergs e o Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Lagoa Vermelha (Sicom Lagoa Vermelha) trouxe uma conquista importante para o setor moveleiro gaúcho: redução de 5% no ICMS para fabricantes de MDP até o dia 31 de março de 2025. Essa diretriz, publicada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul (decreto nº 57.162, de 31 de agosto de 2023) já valia para fabricantes de MDF, mas permitiu que o imposto passasse de 12% para 7%, beneficiando mais fornecedores e, consequentemente, indústrias produtoras de móveis.

 

Na retrospectiva da Movergs, destaque para a união e solidariedade do setor moveleiro, que ajudou milhares de famílias gaúchas desabrigadas pelas chuvas e enchentes em setembro. A entidade mobilizou empresários e entidades numa campanha para doação de móveis, amparando pessoas que perderam tudo ou quase tudo em cenários de destruição e tristeza.

 

O que esperar para 2024?

 

A Movergs pondera que ainda é cedo para fazer projeções, mas espera que o setor moveleiro cresça em 2024. Se os programas habitacionais do governo forem efetivos, há possibilidade de movimentar a economia e gerar crescimento na demanda do segmento de móveis. Ressalta, porém, que esse movimento não pode ser isolado, pois entende a importância de que os juros se tornem mais competitivos, a economia cresça, o desemprego caia e a renda das famílias aumente. Além disso, lembra que o possível aumento de ICMS no Rio Grande do Sul pode impactar negativamente o setor como um todo, desde as vendas no varejo até a produção das indústrias, possivelmente causando retração e demissões.

 

 

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