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Inscrições ao Prêmio Design da Movelaria Nacional até 2 de abril

Revisado Natalia Concentino - 20 de Março 2025
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Na reta final de inscrições, o Prêmio Design da Movelaria Nacional convida designers, arquitetos, estudantes e indústrias de móveis de todos os portes — da marcenaria, passando pelos planejados até a produção seriada — a apresentarem ao Brasil e ao mundo suas criações em produtos com inovação, sustentabilidade, bioeconomia e originalidade. A proposta inclui o uso de materiais e recursos renováveis, novos processos ou técnicas revisitadas, ergonomia, funcionalidade, agilidade produtiva e, claro, brasilidade, apelo estético e design integrado.

 

Realizado pela ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) com o apoio da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), interessados podem inscrever seus projetos até o dia 02 de abril de 2025, colocando-os a um passo do Salone del Mobile.Milano (iSaloni), o maior evento do setor no mundo, que ocorre anualmente em paralelo à Semana de Design de Milão, na Itália. Isso porque, além de reconhecer criações em diferentes modalidades, o prêmio leva as peças vencedoras das categorias profissionais para serem expostas no iSaloni 2026, ao lado das maiores marcas e profissionais do mundo.

Categorias que traduzem a diversidade do design brasileiro

 

Ao todo, o Prêmio conta com sete categorias que refletem tanto as necessidades contemporâneas do mercado global quanto às singularidades dos processos criativos e produtivos brasileiros:

 

  1. Mobiliário de Fabricação Seriada – foco em soluções inovadoras e viáveis para produção em larga escala.
  2. Mobiliário de Fabricação Artesanal – valorização das técnicas tradicionais e das identidades regionais.
  3. Design de Bioeconomia – propostas alinhadas a práticas sustentáveis, materiais ecológicos e processos circulares.
  4. Mobiliário de Design Emergencial – respostas para cenários de crise, como desastres naturais e contextos de vulnerabilidade social.
  5. Inovação em Design de Mobiliário – projetos que explorem novas tecnologias, materiais e abordagens criativas.
  6. Mobiliário Planejado – móveis sob medida e soluções personalizadas para diferentes ambientes.
  7. Potencial Criativo em Design de Móveis – categoria dedicada a estudantes e jovens profissionais com até dois anos de formação.

Segundo a diretora executiva da ABIMÓVEL, Cândida Cervieri, o leque de categorias foi pensado para estimular a diversidade e fortalecer ainda mais a competitividade do setor moveleiro nacional: “As sete categorias escolhidas buscam traduzir a pluralidade e a força da indústria e do design brasileiros, abrangendo desde a produção artesanal até processos de larga escala, além de práticas sustentáveis, processos com foco na bioeconomia e soluções para situações emergenciais, reforçando a importância do mobiliário no bem-estar e na qualidade de vida das pessoas. Queremos mostrar ao mundo o potencial e a originalidade do mobiliário e do design brasileiro, tanto em termos visuais quanto funcionais, projetando ainda mais o Brasil no cenário global”.

Originalidade e sustentabilidade como critérios

 

A curadoria do Prêmio é liderada pela jornalista Regina Galvão, profissional com décadas de experiência em importantes publicações e premiações do design, decoração e arquitetura nacional. Ela explica que a primeira fase de avaliação ocorre de forma criteriosa, analisando principalmente a originalidade e a adequação dos projetos ao regulamento, considerando também critérios de responsabilidade socioambiental, além de viabilidade técnica e econômica.

 

“Na primeira fase da curadoria, meu olhar se volta para projetos originais e que estejam de acordo com os critérios dispostos no regulamento. Buscamos ideias que fujam do óbvio, que tragam brasilidade e novas perspectivas sobre materiais e processos produtivos, de forma prática e viável. Nesse sentido, sustentabilidade, inovação e racionalidade são alguns dos principais aspectos a serem avaliados”, fala Regina.

 

Já na segunda etapa, os projetos são julgados presencialmente pelos jurados — após o envio dos protótipos ou produtos prontos pelos competidores —, permitindo uma análise prática das peças: “A segunda fase, por sua vez, é determinante, pois permite que os jurados tenham contato direto com os produtos. O julgamento presencial, com a possibilidade de tocar, sentir e testar as peças, é essencial para o sucesso da premiação”, completa a curadora.

Júri reúne nomes reconhecidos no cenário do design nacional e internacional

 

Cada jurado traz uma bagagem específica ao Prêmio:

 

 

  • Adélia Borges: jornalista, curadora e escritora dedicada à difusão do design brasileiro, reforça o potencial de impacto do setor em âmbitos sociais e culturais.
  • Bruno Faucz: designer com passagem por grandes indústrias, acredita na força do design para contar histórias, buscando transformar desejos e necessidades em objetos palpáveis.
  • Bruno Simões: designer e curador de importantes mostras de design, reforça a importância de traduzir a cultura brasileira em soluções autorais para competir globalmente.
  • Liana Tessler: arquiteta especializada em varejo e curadoria de mobiliário, com uma abordagem criativa e empática que visa transformar “sonhos em projetos tangíveis”.
  • Manuel Bandeira: mestre em design industrial, destaca o equilíbrio entre forma, função e responsabilidade com o meio ambiente, sempre focado na simplicidade e funcionalidade.
  • Sérgio Matos: designer que une identidade cultural e inovação ao valorizar técnicas artesanais e referências regionais que já ganharam o mundo, mesclando memória, tradição e brasilidade.
  • Winnie Bastian: jornalista e crítica de design, que reconhece e integra influências da moda no design de móveis e objetos para a casa, defendendo aspectos culturais como pontos-chave para conquistar atenção global.

 

Prêmio Design da Movelaria Nacional: seu caminho para o mercado global

 

Os projetos finalistas serão expostos em uma mostra exclusiva no 12º Congresso Nacional Moveleiro, em outubro de 2025, em Curitiba (PR). O evento reúne lideranças do setor moveleiro nacional — da cadeia de fornecedores a fabricantes e lojistas, passando por profissionais da indústria criativa —, sendo um ponto de encontro para debates e networking, e servindo como uma grande vitrine para marcas, estudantes e profissionais exporem seus projetos.

 

Os três primeiros colocados em cada categoria ganharão troféu e certificado, e os grandes vencedores das categorias profissionais terão a oportunidade de serem expostos no “Espaço BRASIL” durante o iSaloni 2026. Para se ter uma ideia, neste ano a ABIMÓVEL e a ApexBrasil contarão com uma área de 970 m² no Pavilhão 3 da feira, reunindo e divulgando o trabalho de dezenas de indústrias e designers brasileiros.

 

Do Brasil para o mundo: ‘brasilidade’ para além de um conceito

 

“Uma feira como a de Milão não se limita apenas a mostrar produtos, mas a definir tendências e direcionamentos para todo o setor. Trata-se, portanto, de um passo essencial para quem quer crescer de forma global”, comenta Liana Tessler, que além do prêmio é curadora também da mostra “Design + Indústria @iSaloni 2025”, promovida por meio do Projeto Setorial Brazilian Furniture.

 

Dessa forma, para criar uma narrativa fluida no processo de avaliação das peças, um dos pontos altos na avaliação do júri diz respeito ao potencial de inserção internacional dos projetos apresentados.

 

“Receber o convite para ser jurado do Prêmio Design da Movelaria Nacional foi uma honra e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de contribuir para esse cenário, ajudando a reconhecer trabalhos que realmente farão a diferença”, compartilha Sérgio Matos. Com uma sólida carreira internacional, mas sem abrir mão das características locais em seu trabalho, Matos aponta o valor de participar da premiação como um trampolim para alcançar outros mercados: “O design brasileiro ganha ainda mais força quando apresentado em Milão, pois mostra ao mundo as técnicas e tradições que nos diferenciam. Quando conseguimos traduzir isso em um móvel de maneira contemporânea é que criamos um produto com identidade forte e que desperta interesse dentro e fora do Brasil”.

 

Bruno Simões, também curador-geral da mostra “Cashew Rain”, promovida pela ApexBrasil com apoio da ABIMÓVEL no Fuorisalone 2025, concorda que a presença de marcas e produtos em Milão seja determinante para quem deseja ampliar horizontes: “Aceitei o convite para compor o time de jurados do Prêmio de Design da Movelaria Nacional justamente por observar que existe uma oportunidade real sendo ofertada aos vencedores, que é a participação em eventos como o Salão do Móvel de Milão. Jornada, esta, que pode ser bastante árdua tanto para empresas já consolidadas, mas sobretudo para um designer independente conquistar sozinho”, compartilha. 

 

Ele aconselha: “Por isso mesmo reforço que o foco dos projetos deva ser sempre a expressão nacional! Milão cada vez mais é sobre diversidade; não faz nenhum sentido mostrar para o italiano, por exemplo, algo similar ao que ele já fez nos últimos 100 anos com excelência. Dessa forma, o resgate de técnicas ancestrais aliado ao olhar contemporâneo e novas tecnologias é o que mais tem me chamado atenção no universo do design, fala Simões.

 

Para Manuel Bandeira, a “brasilidade” legítima se torna um diferencial competitivo, ao mesmo tempo em que promove soluções originais e sustentáveis: “O ‘bom design’ deve equalizar ao máximo os anseios exigidos para um produto tecnicamente bem resolvido, sem esquecer da responsabilidade com a cultura e com o meio ambiente. O mobiliário é um representante legítimo dos hábitos e da cultura dos povos com todas as suas expressões. É papel do designer, portanto, se ater a essas questões sem perder a essência funcional do produto, contemplando cada etapa do seu ciclo de vida, que vai da produção ao descarte. É nesse aspecto que um concurso como esse nos leva a fazer reflexões sobre o que criamos e o que consumimos”.

 

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Isso porque, se o design tem papel essencial na construção de soluções para os muitos desafios contemporâneos, o mobiliário é, portanto, um dos protagonistas dessa transformação. “A economia circular e a manufatura digital são temas que estão cada vez mais presentes e que podem guiar o desenvolvimento de projetos inovadores no setor de móveis. Além disso, há uma forte retomada do artesanato, apresentado de maneira contemporânea, como diferencial competitivo”, fala Winnie Bastian. “Meu principal conselho é: tenha clareza na proposta. Um bom projeto de design deve comunicar sua essência de maneira objetiva e convincente. Além disso, é essencial apresentar um conceito bem fundamentado, que dialogue com as necessidades do mercado e demonstre viabilidade produtiva. Não se pode esquecer, obviamente, a atenção aos detalhes técnicos e estéticos: a harmonia, a ergonomia, a escolha dos materiais e a qualidade dos acabamentos fazem toda a diferença na avaliação”, completa.


Adélia Borges compartilha dessa visão: “A avaliação dos projetos inscritos no Prêmio vai além do simples fato de serem bonitos ou não. Enquanto jurados, analisamos uma série de critérios, sendo um deles a originalidade: não entra cópia! Outros critérios importantes são a inovação, a adequação do produto àquela função a qual ele se destina e, especialmente nos últimos anos, um peso cada vez maior no balanço da avaliação tem sido o impacto do produto no meio ambiente. Tudo isso garante que uma vez premiado, esse projeto terá uma grande condição de inserção no mercado nacional e internacional, além de um elevado reconhecimento social”.

 

Para diferenciar sua criação neste contexto, Bruno Faucz dá a dica: “Conte a história do seu produto, não precisa existir algo ‘filosófico’ por trás do desenho, mas é preciso que haja um motivo para aquela peça existir e ser daquela maneira. A ligação emocional com a peça é o que move o sucesso, especialmente em feiras como o iSaloni, onde a competição é acirrada”. Ele continua: “Entendo que um bom produto precisa resolver problemas e assim criar valor tanto para o consumidor quanto para quem produz. Adoro a frase do Thomas Watson Jr., filho do fundador da IBM: ‘Bom design é bom negócio’”.

 

De fato, o Brasil é um país de extensão continental, com a brasilidade no design sendo, na verdade, um mosaico de regionalismos. “Temos uma diversidade imensa de materiais naturais, técnicas artesanais e processos produtivos que enriquecem a criação moveleira. A cultura, a arte popular, as madeiras, as fibras naturais, as pedras, os tecidos e até mesmo os olhares sobre o modo de viver influenciam diretamente no design produzido aqui. Essa riqueza de repertório nos permite criar um movimento autêntico e original, capaz de mostrar ao mundo a relevância da nossa biodiversidade e da nossa forma única de viver, de criar e de produzir”, completa a curadora do Prêmio, Regina Galvão.

 

Podem participar do Prêmio Design da Movelaria Nacional:

 

 

  • Indústrias de móveis de Norte a Sul do Brasil, associadas ou não à ABIMÓVEL.
  • Designers, arquitetos e estúdios de diferentes níveis de experiência.
  • Estudantes e recém-formados, por meio da categoria Potencial Criativo em Design de Móveis.
  • Podem ser inscritos um ou dois projetos por categoria em até duas diferentes categorias.

 

Inscrições abertas até 02 de abril de 2025

 

 

 

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