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IPC Maps prevê consumo das famílias estagnado este ano

Por Ari Bruno Lorandi - 25 de Maio 2022

Aquém das expectativas, o consumo das famílias deve movimentar cerca de R$ 5,6 trilhões ao longo deste ano, no Brasil — o que representa um aumento real de apenas 0,92% em relação a 2021, a uma taxa positiva de 0,42% do PIB. A estimativa é do estudo IPC Maps 2022, especializado há quase 30 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.

 

Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, esse resultado é reflexo da lenta recuperação pós-crise pandêmica agravada pelo atual cenário de confronto entre Rússia e Ucrânia, na Europa. 

 

Diante disso, o levantamento mostra como o perfil empresarial brasileiro foi afetado, com o fechamento de mais de 1,1 milhão de empresas de 2021 para cá. 

 

Outro destaque é a Região Nordeste, que recupera a vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. Para Pazzini, “a volta de turistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros ao Nordeste, bem como a injeção pelo governo do auxílio Brasil, em paralelo com outros programas sociais”, podem explicar tal vantagem em relação à economia do Sul que, após inúmeros problemas relacionados à seca, cai para a terceira posição.   

    

Nesse contexto, as 27 capitais, embora com perdas em relação a 2021, aparecem respondendo por 29,07% do total de gastos no País; enquanto o interior mantém sua participação no consumo em 54,9% até o final deste ano.

 

Essa edição aponta, ainda, para uma nova tendência no comportamento do consumidor, que passa a gastar mais com veículo próprio em detrimento até das despesas com alimentação. “Como na pandemia muitas indústrias pararam de produzir, principalmente autopeças eletrônicas, as empresas tiveram de prolongar os prazos de entrega e reajustar seus valores. Enquanto isso, crescia a demanda por transportes via aplicativos e deliveries, tanto pelo consumidor — que passou a usar mais esses serviços —, quanto pelos trabalhadores — que viram nesse segmento uma oportunidade de compensar a perda do emprego ou de parte do seu salário, ou ainda, de ter uma renda extra”, avalia o diretor do IPC Maps.     

            

leia: Os efeitos da inflação nos consumidores em nível mundial

 

Perfil básico – O Brasil possui cerca de 215 milhões de cidadãos. Destes, 182,2 milhões moram na área urbana e são responsáveis pelo consumo per capita de R$ 28.708, contra R$ 12.614 gastos individualmente pela população da área rural.  

 

Base consumidora — Tradicionalmente, a classe B2 lidera o panorama econômico, representando cerca de R$ 1,2 trilhão dos gastos. Junto à B1, pertencem a 20,8% dos domicílios, assumindo 38,8% (mais de R$ 2 trilhões) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,9%), C1 e C2 totalizam R$ 1,9 trilhão (36,4%) dos recursos gastos. Já o grupo D/E, que ocupa 28,8% das moradias, consome cerca de R$ 557,8 bilhões (10,7%). Embora em menor quantidade (apenas 2,5% das famílias), a classe A vem, cada vez mais, se distanciando socialmente dos menos favorecidos e ampliando sua movimentação para aproximadamente R$ 740 bilhões (14,1%). 

 

Já na área rural, o montante de potencial de consumo esperado é de R$ 411,7 bilhões (7,3% do total) para este ano. 

 

Cenário Regional – Com uma pequena contenção, o Sudeste continua liderando o ranking das regiões, respondendo por 49% do consumo nacional. Como já mencionado, o Nordeste volta a ocupar o segundo lugar no ranking das regiões, ampliando sua representatividade para 18,2%. Já, a Região Sul que, havia crescido na pandemia, regrediu para 17,9%. Assim como no ano passado, o quarto lugar segue ocupado pelo Centro-Oeste, reduzindo sua fatia para 8,5%, e por último, vem a Região Norte, que amplia sua atuação para 6%.

 

Mercados potenciais – O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2,2 trilhões, ou 39,5% de tudo o que é consumido no território nacional. De 2021 para 2022, os 12 principais mercados se mantiveram em suas posições, sendo, em ordem decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Salvador/BA, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Porto Alegre/RS, Goiânia/GO, Manaus/AM, Campinas/SP e Recife/PE. Outras capitais, como Belém/PA (13º), Campo Grande/MS (16º) e São Luís/MA (20º) também se sobressaem nessa seleção, bem como as seguintes cidades metropolitanas ou interioranas: Guarulhos (14º), São Bernardo do Campo (15º), Ribeirão Preto (18º) e Santo André (19º), no Estado de São Paulo; e São Gonçalo (17º) e Duque de Caxias (28º), no Rio de Janeiro.

 

Perfil empresarial – Em termos de quantidade de empresas, de 2021 para 2022, houve uma retenção de 5,4%, totalizando 21.127.759 unidades instaladas hoje no Brasil. Na análise por natureza jurídica, conforme o estudo, os segmentos de Sociedades Limitadas (Ltda.) e Anônimas (S/A) foram os que percentualmente mais fecharam as portas (11,2%), seguidos por Microempreendedores Individuais (MEI), com 7,2%. “Os altos impostos associados à proliferação de MEIs e ao baixo teto de faturamento contribuíram para o encerramento dessas atividades”, afirma Marcos Pazzini.

 

Já, do ponto de vista quantitativo, foram fechadas 1.199.469 empresas. Destas, 1.026.570 eram MEIs, o que evidencia a ocorrência do declínio empresarial especialmente na faixa de faturamento mais baixo.

 

Dentre as companhias atualmente ativas, quase metade (11,6 milhões) tem atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos segmentos de Comércio, com 5,4 milhões; e Indústria, 3,4 milhões. Já Agribusiness, o único setor em crescimento, conta com mais de 764 mil estabelecimentos.  

 

Geografia da Economia – Em relação à distribuição de empresas nacionais, a Região Sudeste segue despontando, concentrando 49,3% das unidades; seguida pelo Sul, com 18,1%; Nordeste com 17,4% dos estabelecimentos; Centro-Oeste com 8,9%; e o Norte com apenas 6% das unidades existentes no País. 

 

Partindo para a análise quantitativa das empresas para cada mil habitantes, a pesquisa IPC Maps aponta novamente para uma retenção geral. As Regiões Sul e Sudeste seguem liderando com folga, respectivamente, 127,8 e 121,7 empresas por mil habitantes; o Centro-Oeste aparece com 103,9 e, ainda bem abaixo da média, estão as regiões Nordeste, com 60,3, e Norte, que tem apenas 51,5 empresas/mil habitantes.

 

Hábitos de consumo – O trabalho detalha, ainda, as preferências dos consumidores na hora de gastar sua renda. Dessa forma, nota-se o aumento de gastos com carro próprio (14,53%), ultrapassando inclusive, os desembolsos com alimentação no domicílio e fora dele (12,81%). 

 

Mesmo assim, os itens básicos seguem como prioridade, com grande vantagem sobre os demais, conforme se observa a seguir: 24,31% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 20,82% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc.); 5,37% são medicamentos e saúde; 3,5% vestuário e calçados; 3,22% recreação, cultura e viagens; 3,21% educação; 3,15% materiais de construção; 2,9% em higiene pessoal; 1,63% móveis e artigos do lar; 1,38% eletroeletrônicos; 1,28% bebidas; 0,71% transportes urbanos; 0,54% para artigos de limpeza; 0,47% fumo; e finalmente, 0,17% referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.    

 

Faixas etárias – A população de idosos continua crescendo, chegando à margem de 32,4 milhões em 2022. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 129 milhões, o que representa 60,1% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vêm perdendo presença e somam 23,9 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguem na média de 29,4 milhões.

 

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