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Juros e recessão econômica estimulam inadimplência

Por Edson Rodrigues - 23 de Setembro 2014
Elo de ponta da cadeia produtiva, o comércio sofre com o alto custo de crédito bancário e a desaceleração econômica, e é o setor que lidera a lista de empresas inadimplentes, segundo levantamento da Serasa Experian. O balanço, que aponta recorde de companhias inadimplentes em julho deste ano, mostra que o setor de comércio possui 47,2% das empresas com dívidas em atraso. Em seguida, está o setor de serviços, com 42,6% das firmas.

No total, são 3,57 milhões de companhias inadimplentes, sendo que 91% delas são pequenas ou médias empresas (PMEs), de acordo com os critérios da Serasa. Para especialistas ouvidos pelo DCI, um dos motivos para a concentração da inadimplência no setor de comércio é a atual conjuntura econômica do País, que combina recessão técnica com o aumento do custo de crédito - altas de juros.

"O varejo precisa de muito capital de giro para formar estoque e normalmente só tem o banco para tomar crédito. Então, a alta de juros afeta muito", afirmou Luiz Rabi, economista da Serasa. "A indústria tem outra forma de se financiar, como a emissão de títulos de dívidas e linhas especiais do BNDES. O varejo não", completou.
A professora de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Virene Matesco, aponta que, com o aumento da inadimplência, os juros sobem, o que, por sua vez, alavanca as dívidas em atraso. "É um ciclo, que é muito perverso para o comércio", comentou.

Conjuntura

Rabi disse que o primeiro setor a sentir o impacto de uma desaceleração econômica é o comércio, pois está na "linha de frente da economia". "Quando a economia vai bem, o varejo é o primeiro elo da cadeia produtiva a mostrar resultado positivo. Quando o oposto ocorre, ele é também o primeiro a apresentar problemas", observou o economista.

Matesco lembrou também que a inflação acumulada corroeu o poder de compra do consumidor, derrubando as vendas no varejo, e o aluguel e o custo do trabalho aumentaram. "O consumidor compra só o essencial. Além disso, o custo da mão de obra no Brasil é muito alto", afirmou.

Consumidor

Uma pesquisa da TeleCheque, serviço da marca MultiCrédito, mostra que a inadimplência de pessoas físicas (com cheques) se concentra principalmente no subsetor de alimentação, que tem 16,3% dos devedores, assessórios automotivos e manutenção (15,7%), roupas e vestuário (8,7%) e farmácias e drogarias (8,5%).

Segundo a pesquisa, 5,4% das pessoas deixaram de honrar suas dívidas por atraso salarial e outras 1,7% porque o banco cancelou o limite de crédito. O débito médio dos participantes da pesquisa ficou entre R$ 200 e R$ 499.

Para os economistas, a inadimplência do consumidor final também é uma das responsáveis por alavancar o calote das empresas. "O setor de comércio sofre muito com as oscilações do mercado. É o setor que mais leva calotes", afirmou a professora da FGV. Rabi ressaltou ainda que a inadimplência está sendo puxada, principalmente, por dívidas fora do sistema bancário.

Com informações do DCI

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