Linha branca tem pior desempenho em dez anos
Por Edson Rodrigues
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04 de Agosto 2014
O resultado do semestre foi influenciado especialmente pelo forte recuo no segundo trimestre. Levantamento da Eletros, associação que reúne a indústria do setor, mostra que, entre abril e junho, as vendas industriais da linha branca caíram 20% na comparação anual.
O baixo-astral do setor prevalece apesar da ajuda do governo para impulsionar as vendas. Os eletrodomésticos continuam com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, benefício que começou na crise de 2009. Os itens também fazem parte do programa Minha Casa Melhor, que dá crédito facilitado de R$ 5 mil para equipar a casa a quem adquiriu imóvel no programa.
Preocupados com a queda nas vendas e o aumento dos estoques, os fabricantes fazem de tudo para adequar a produção ao menor ritmo de negócios no varejo. Deram férias coletivas, não repuseram as vagas dos trabalhadores que pediram demissão e suspenderam temporariamente o contrato de trabalho (lay-off), seguindo o exemplo da indústria automobilística.
Mesmo assim, o número de empresas com produtos encalhados não para de crescer. Em julho, por exemplo, a fatia de indústrias do setor mecânico, onde se enquadram os fabricantes de eletrodomésticos e máquinas, com estoques excessivos foi de 16,7%, segundo a sondagem industrial da Fundação Getúlio Vargas. Em junho, essa parcela tinha sido de 16,2%.
"Foi o pior primeiro semestre dos últimos dez anos", disse Armando Valle, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Whirlpool Latin America, maior fabricante do setor e dona das marcas Brastemp e Consul. Segundo Valle, na crise de 2009 a queda nas vendas não foi tão forte quanto a atual porque a redução do IPI ajudou. Agora, observa, o corte da alíquota do imposto é menor em relação ao daquela época. No caso de lavadoras, o IPI hoje está em 10%, ante 5% em 2009. O IPI normal de lavadoras é de 20%.
Para o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, a queda no trimestre foi maior do que se esperava. Ele atribui o resultado ruim ao cenário econômico mais complicado, com o acesso ao crédito mais difícil e mais caro, mas não arrisca fazer projeções para o ano. Já Valle acredita numa recuperação a partir de agosto e num segundo semestre estável em relação ao mesmo período de 2013. Se a projeção se confirmar, o ano fechará com queda entre 7% e 8% nas vendas industriais. "Esse resultado não seria um desastre, mas razoável", diz Valle. A linha branca encerrou 2013 com retração de 5% nas vendas.
Fonte: Estadão
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