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Madeira americana chega com desempenho similar às brasileiras

Revisado Natalia Concentino - 18 de Setembro 2023

O American Hardwood Export Council (AHEC), órgão fiscalizador e fomentador no setor de madeiras nos Estados Unidos, acaba de lançar a versão em português do Guia para as Madeiras Duras Americanas Sustentáveis. A primeira metade do Guia apresenta uma análise completa das propriedades, aplicações e credenciais ambientais dos EUA de espécies de madeiras disponíveis comercialmente. A segunda parte do livro fornece uma explicação simplificada do sistema de classificação da National Hardwood Lumber Association (NHLA), que é o padrão nacional da indústria madeireira de folhosa dos EUA e que compõe a classificação de exportação.

 

Para Michael Snow, diretor executivo global do AHEC, o Guia de Madeiras Duras Americanas Sustentáveis é uma ferramenta essencial para arquitetos, designers de interiores, fabricantes de móveis e qualquer pessoa interessada em usar materiais de qualidade e sustentáveis em seus projetos. “A nossa missão é não só promover a matéria-prima em si, mas também oferecer de forma gratuita um guia educativo sobre sustentabilidade e informações técnicas sobre o uso dessas madeiras. Com o livro em português, contribuímos com o setor ao incluirmos um player importante como o Brasil”, explica.

 

Ouro verde: neutralidade do carbono na cadeia de suprimentos
 

Uma das principais vantagens do uso de madeiras duras americanas sustentáveis é a procedência responsável desses materiais. O AHEC tem se dedicado à gestão florestal sustentável, garantindo que a colheita de madeiras seja realizada de maneira ecologicamente correta, socialmente benéfica e economicamente viável.

 

Isso porque, de acordo com um levantamento para avaliação do ciclo de vida dessas espécies feito pelo AHEC, o carbono armazenado na madeira dura americana (do ponto de colheita a qualquer país do mundo) quase sempre excede as emissões de carbono associadas à extração, ao processamento e ao transporte. O AHEC trabalha para fomentar a comercialização dessas madeiras de modo que o impacto ambiental seja o menor possível.

 

Versatilidade na aplicação de projetos a mobiliário

 

Além das características de cada uma dessas madeiras como a aparência delas e o tempo de regeneração, o Guia pontua a propriedade mecânica e principais aplicações que são mencionadas para não apenas promover a espécie, mas indica formas de utilização, viabilizando assim o melhor e mais sustentável proveito do material. Para deixar o conteúdo ainda mais visual, o livro traz diversos projetos ilustrados e a história de cada design feito em diferentes partes do mundo.

 

Dentre as espécies de madeira dura mais indicadas para aplicações desde móveis até construção civil, veja alguns projetos feitos em madeira dura americana:

 

Carvalho Americano

 

Do volume florestal total dos Estados Unidos de madeiras duras americanas de 14,6 bilhões m³, a espécie com maior volume plantado é o carvalho americano que se subdivide em vermelho e branco. O carvalho é uma madeira amplamente utilizada na fabricação de móveis e na construção, e seu uso ainda se estende à produção de bebidas alcoólicas. Juntas, as duas variações do carvalho vermelho representam aproximadamente 22,3% de todo o volume de madeiras duras americanas comercializáveis plantadas - mais de 3,2 bilhões de m³ por ano. 

 

O carvalho vermelho (955,4 milhões de m³/ano), é uma espécie dominante nas florestas de madeiras dos EUA. Suas características físicas são marcadas pela boa resistência ao peso, o que a faz boa para fabricação de móveis, pisos, armários de cozinha e demais aplicações de carpintaria para áreas internas e, além disso, ainda apresenta um bom desempenho para uso em construção, através de painéis MLC. É, sobretudo, uma espécie-chave em muitos mercados de exportação para fabricação.

 

Yale School of Forestry & Environmental Studies 

 

A Yale School of Forestry & Environmental Studies (FES) se uniu ao escritório de arquitetura Hopkins Architects para reformarem a estrutura do Kroon Hall, com o objetivo de construir um dos prédios mais ecológicos do mundo. O resultado foi um hall projetado para usar 58% menos energia do que outro equivalente.

 

O prédio, que apresenta escadas e revestimentos das paredes internas em carvalho vermelho que contrastam com o concreto da construção, contou com madeiras da própria floresta da Yale, em Connecticut, manejadas de forma sustentável.

 

O carvalho branco (2,3 bilhões de m³/ano), é a variação com maior volume florestal da espécie e a mais popular para os mercados de exportação. Assim como a versão vermelha, o carvalho branco também é utilizado para móveis, pisos e armários, mas para além disso, sua utilização é bastante explorada em vigas estruturais laminadas com cola (glulam) e outras aplicações especializadas.

 

Lord’s Cricket Ground por Populous e Arup

 

 

O Marylebone Cricket Club (MCC) contratou os arquitetos Populous para projetar o novo Warner Stand, com capacidade para 2600 torcedores em uma das instalações esportivas mais icônicas do mundo, Lord's Cricket Ground, em St John's Wood, Londres. 

 

A escolha pelo material foi feita através de discussões com o escritório de arquitetura Arup, parceiro da Populous no projeto. A Arup já tinha experiência em trabalhar com madeiras de alta densidade dos EUA, tendo feito parceria com o AHEC para o Festival de Design de Londres. O telhado é formado por 11 vigas de carvalho branco americano laminados com cola cantilever (glulam) que irradiam dramaticamente do canto do solo, abrindo caminho para novos usos estruturais de madeiras folhosas americanas sustentáveis. 

 

“O carvalho europeu foi considerado, mas o carvalho branco americano tem uma reputação de melhor classificação e um acabamento limpo em móveis. É relativamente denso também, por isso tem propriedades de resistência e rigidez muito boas, permitindo-nos reduzir o tamanho das vigas, o que foi importante arquitetonicamente. Como partem de um ambiente externo, descontrolado, com flutuações de temperatura relativamente altas, para um ambiente interno e controlado, as propriedades térmicas dessa madeira também foram uma grande vantagem”, explicou Giancarlo.

 

Nogueira Americana

 

Com o crescimento majoritariamente na região central dos Estados Unidos, a nogueira americana é uma das espécies mais procuradas nos mercados em todo o mundo e é exclusiva da América do Norte. Essa espécie, em específico, apresenta como característica a dureza, o que a faz um material nobre para fabricação de mobiliário de alta qualidade.

 

leia: Queda nas exportações brasileiras de produtos de madeira

 

Linha de mobiliário OVO por Foster + Partners

 

 

Desenhada pela Foster + Partners e produzida pela Benchmark Furniture, a coleção de móveis OVO teve como base a nogueira americana (“American walnut”) e traz detalhes que misturam a tradição milenar de artesanato em objetos do cotidiano, combinando durabilidade e detalhes cuidadosos com forte materialidade para criar uma gama de móveis excepcionalmente táteis.

 

A coleção conta com detalhes ergonômicos que eliminam pontos de pressão desconfortáveis e trazem ainda mais suavidade ao design das peças. Todo o conjunto tem um acabamento natural oleado que destaca a materialidade da nogueira americana maciça.

 

Mike Holland, Head de Design Industrial da Foster + Partners, comentou que “a geometria suave da linha não apenas confere às peças uma solidez, mas também serve como um convite atraente ao toque. Em parceria com a Benchmark, criamos uma linha única de móveis de madeira maciça que incorporam uma sensação de calor e têm uma sensação inerente de atemporalidade que permite que cada peça acumule memórias através de gerações”.

 

Bordo Americano

 

O bordo americano é outra espécie de madeira bastante popular nos EUA, em suas duas versões, a utilização dessa madeira vai de produtos alimentícios, como o popular xarope de bordo (do inglês “Maple Syrup”), a mobiliário e pisos que suportam um alto tráfego. No ranking de maior densidade florestal, o bordo sucede o carvalho, e representa cerca de 17,6% de todo o volume de madeiras duras americanas.

 

O bordo macio, variação com maior densidade florestal (1,6 bilhão de m³/ano), é uma espécie altamente sustentável e amplamente utilizada para mobiliários e objetos esculpidos - devido a sua maleabilidade para torneamento. 

 

Já a variação do bordo duro (955,4 milhões de m³/ano), matéria prima para o xarope de bordo, também é uma alternativa para todos os tipos de pisos, incluindo áreas de alto tráfego, como edifícios públicos, móveis e marcenaria de alta qualidade.

 

Cerejeira

 

Também muito conhecida, a madeira de cerejeira (424,2 milhões de m³/ano) é uma espécie que apresenta tons quentes com excelente potencial para acabamentos. Sua utilização é mais indicada para mobiliário, instrumentos musicais, interiores de barcos de luxo, painéis, portas e outras aplicações que requeiram uma resistência média a estresse mecânico.

 

Por causa de sua média resistência, é recomendada para pisos onde o tráfego de pessoas não seja tão intenso como quartos, ou em culturas onde os sapatos não são usados dentro das casas – como na Ásia.

 

Bourke Street Bakery por GRT Architects

 

 

A fim de trazer uma atmosfera aconchegante, o co-fundador e padeiro Paul Allam escolheu Nova Iorque para abrir a primeiro Bourke Street Bakery fora da Austrália. Localizado no distrito NoMad de Manhattan, a GRT Architects foi incumbida da tarefa de criar um espaço que lembrasse sua casa australiana. 

 

Este espaço de dois mil pés quadrados foi entregue cru ao escritório de arquitetura que, mais tarde, optou por deixar as vigas de aço que anteriormente sustentavam o segundo andar expostas. Como destaque, o revestimento do café, assim como os móveis, foram feitos em cerejeira americana (“American Cherry”), que trouxe mais conforto para um café se contrapondo ao layout metropolitano e agitado de Manhattan.

 

Para a GRT Architects, era crucial conciliar o ambiente acolhedor com a cozinha industrial. “Ao longo do processo de projeto, procuramos maneiras de preservar o caráter único do espaço enquanto construímos uma cozinha comercial de última geração visível para os clientes do café durante todo o dia. Além disso, selecionamos a cerejeira pela sua cor e pelas variações naturais de cor inerentes à madeira”, disseram os arquitetos.

 

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