Mercado Livre ofusca novamente as brasileiras no e-commerce
Em um trimestre ainda difícil para o varejo digital brasileiro, as reações aos resultados das principais empresas do ramo do País listadas em bolsa foram diversas e mostraram que o Mercado Livre segue na liderança, enquanto as brasileiras se reequilibram. Os números que mais agradaram ao mercado, mais uma vez, foram os do Mercado Livre. A Via (dona da Casas Bahia e do Ponto), por sua vez, teve resultados fracos, mas a reação do mercado foi positiva diante do plano de reestruturação apresentado. Por outro lado, o Magazine Luiza enfrentou o mau humor dos investidores com um prejuízo maior que o previsto, apesar das sinalizações de que tempos melhores estão por vir. Sem divulgar números, a Americanas contou também com o silêncio dos analistas.
O Itaú BBA comentou os resultados do Mercado Livre dizendo que, novamente, a empresa superou as estimativas, com sua rentabilidade. “Os ganhos robustos de lucratividade foram impulsionados por uma combinação da margem bruta, ventos favoráveis da alavancagem operacional e menores provisões. A dinâmica de ganhos do Mercado Livre continua a apoiar nossa visão de que sua estratégia assertiva está no caminho certo para consolidar o mercado de e-commerce da América Latina, com a aceleração de monetização da plataforma”, escreveu o analista do Itaú BBA, Thiago Macruz, em relatório.
A companhia sinalizou que deve investir em crescimento para sustentar sua agenda de consolidação à frente, o que pode trazer expansão de margens menor nos próximos trimestres na comparação anual. Divulgados no início do mês, os dados da empresa argentina ajudaram a derrubar os papéis de Via e Magalu, em um sinal de que a corrida do comércio eletrônico no País tem, no momento, um ganhador claro.
Enquanto isso, as brasileiras ainda reorganizam suas estruturas inchadas durante a pandemia e há uma tentativa de reposicionar seus shoppings virtuais (marketplaces). O CEO da Via, Renato Franklin, disse a investidores que a companhia deve abandonar a venda própria de produtos com baixo valor agregado e deixá-los para lojistas em seu shopping virtual.
Sobre a concorrência, Franklin afirmou que a companhia não vê problema na chegada de novos comércios eletrônicos generalistas. “Vemos novas plataformas como oportunidades para prestar serviços”, afirmou.
Já o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou que a companhia vai dedicar essa plataforma a produtos de maior valor agregado. “Definimos, no marketplace, focar em produtos de R$ 200 a R$ 1 mil”, disse. Para ele, essas famílias de produtos oferecem melhor rentabilidade e não ficam sujeitas à competição de novas plataformas. Estima-se que essa fatia de produtos represente de 45% a 50% do mercado atual online, segundo o vice-presidente de negócios do Magalu, Eduardo Galanternick.
(Com informações Estadão Conteúdo)
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