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Morre Gaetano Pesce, um dos grandes nomes do design mundial

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O arquiteto e designer italiano Gaetano Pesce faleceu aos 84 anos, em Nova York, nesta quinta-feira (04), deixando um legado em obras - que vão do mobiliário à moradia -, mas, especialmente, na forma como pensava e vivenciava o design.

 

O anúncio partiu da conta oficial de Pesce no Instagram, que destacou o criador visionário que, ao longo de 60 anos de carreira, revolucionou o mundo do design, da arte e da arquitetura e dos "espaços liminares entre essas categorias". "Sua originalidade e coragem não são igualadas por nenhum", acrescenta a nota.

 

A equipe foi além e lembrou que, mesmo lidando com problemas de saúde, especialmente no último ano, o mestre do design "permaneceu positivo, brincalhão e sempre curioso", deixando seus "filhos, família e todos os que o adoravam. Sua singularidade, criatividade e mensagem vivem através de sua arte", completa o comunicado.

 

Um ícone

 

Difícil encontrar entre os entusiastas do design uma pessoa que não tenha sido impactada pela obra de Gaetano Pesce. Uma de suas peças mais famosas, a poltrona UP, também conhecida como Donna, segue integrando a wish list de projetos de interiores em todas as partes do mundo - e sendo copiada na mesma proporção - passados mais de cinco décadas de seu lançamento, em 1969.

 

Na celebração dos 50 anos da peça, durante a Semana de Design de Milão de 2019, uma instalação na praça do Duomo, coração da capital do design, trazia a Donna coberta por flechas, reforçando a opressão contra as mulheres denunciada na peça original pelo pufe que remete a uma bola de ferro presa ao pé das vítimas, um exemplo de como Pesce compreendia e fazia design. Para o mestre, mais do que apenas função, ele é uma plataforma de expressão artística, política e também de experimentação.

 

Instalaçao na piazza Duomo da poltrona UP durante a celebração do aniversário de 50 anos de seu lançamento, em 2019 | Foto: Getty Image

 

Essa experimentação se traduzia em materiais e no compromisso com o erro, com o defeito. Como destacou em entrevista a HAUS, em 2011, Pesce acreditava que o erro é algo essencialmente humano e que "quem esconde os defeitos cria beleza abstrata que é muito vazia". Para ele, a valorização do defeito simbolizava a oportunidade de se criar um "novo conceito de beleza", o que acreditava ser a fonte de reconhecimento do seu trabalho.

 

leia: Inovações no design: influência do mobiliário moderno brasileiro

 

Gaetano

 

Natural de La Spezia, na região da Liguria, Pesce estudou Arquitetura e Desenho Industrial em Veneza no início da década de 1960 e foi um dos fundadores do Grupo N, coletivo inspirado no movimento Bauhaus, escola alemã de artes visuais e arquitetura.

 

Suas obras estão expostas em coleções permanentes dos mais consagrados museus como o MoMA, em Nova York, o Centre Pompidou, em Paris, e o Victoria and Albert, de Londres. Além disso, Pesce também lecionou em diversas universidades em Estrasburgo, Milão, Pittsburgh, Hong Kong, Nova York e São Paulo.

 

Sua ligação com o Brasil era forte. Aqui, assinou projetos de arquitetura e promoveu, mais recentemente, o Prêmio Adriana Adam de Design, em homenagem à designer romena homônima radicada no país, com a intenção de perpetuar o trabalho desta que foi uma das maiores incentivadoras do design nacional. A cerimônia de entrega do prêmio, realizada em 2022, foi uma das últimas visitas de Pesce ao Brasil.

 

Fonte: HAUS – Gazeta do Povo

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