Mulheres poderosas balançam o berço... e movem o mundo
A cada ano que passa vemos mais mulheres se destacando em diversos setores da sociedade e, por isso, fazemos questão de celebrar o Dia Internacional da Mulher contando histórias de mulheres que se destacam no nosso setor, o moveleiro. Sempre que o dia 08 de março se aproxima, buscamos conversar com grandes nomes e exemplos para que possamos inspirar ainda mais mulheres que buscam o sucesso profissional na cadeia moveleira.
E podemos dizer que, felizmente, são vários os exemplos de sucesso tanto de mulheres que estavam presentes desde a fundação das indústrias como das que construíram suas carreiras e assumiram cargos de liderança dentro de empresas familiares, como é o caso de Cinara e Bruna Manfroi. As irmãs conseguiram se destacar dentro da Móveis Manfroi, uma empresa que possuía uma cultura masculina forte de comando.
“Trabalho aqui na empresa há mais de 30 anos, quando comecei ainda era uma menininha e me sinto lisonjeada de chegar na idade em que estou agora tendo passado por tudo que passei. Quando eu comecei diziam que eu não tinha que estar aqui, que eu tinha que estar só estudando, porque eu era uma menina, imagina”, orgulha-se Cinara Manfroi, diretora geral da Móveis Manfroi.
Cinara conta ainda sobre a entrada de sua irmã na empresa, que atualmente é diretora comercial. “Quando a Bruna entrou para trabalhar com a gente aqui, ela era muito nova, eu já tinha experiência, mas a gente se tornou uma dupla perfeita, porque eram duas mulheres lutando no dia a dia dentro de uma empresa bastante machista. Com vários homens que controlavam essa fábrica, inclusive o nosso pai. Mas ele acreditou muito na gente, afinal ele só teve filha mulher”, recorda.
“Eu comecei com 18 anos na parte de vendas, já gostando dessa parte comercial e, realmente, todos esses anos mostram para a gente que a experiência que adquirimos é muito valiosa. Hoje a Manfroi conta com muitas mulheres colaboradoras aqui, e temos o prazer de dizer que nosso quadro é formado por muitas mulheres, o que corresponde a 75% dos funcionários”, comenta Bruna. (Confira ao final da reportagem um vídeo com depoimento de Cinara e Bruna)
Na Castor também foram irmãs que ganharam posições de destaque na empresa, além da mãe delas, que esteve presente desde a fundação da empresa ao lado do marido, o Dr. Hélio Silva. “Casei em 1964 com o Hélio, o amor da minha vida, e dali em adiante acompanhei todas as fases de crescimento da Castor”, recorda-se Maria Eunice Mariotto da Silva, presidente da empresa.
Maria Eunice conta que só foi de vez para a Castor depois da morte de seu marido e não disfarça o orgulho de manter a família unida e de ter ajudado a colocar a Castor na vanguarda do setor de colchões, aos 83 anos de idade, Maria Eunice, é a guardiã dos valores e responsável por preservar o sonho do Dr. Hélio Silva.
A fabricante de colchões ainda conta com as filhas de Maria Eunice e Hélio Silva no comando. Helenice Silva Miguel é diretora administrativa, Hedenise Silva é diretora financeira. “Entrei na empresa aos 18 anos, no mesmo ano em que ingressei na faculdade de Direito. A ideia de trabalhar com meu pai partiu de mim, a vontade de estar junto. E foi um privilégio o convívio diário. A fábrica era ainda pequena, não tinha o reconhecimento nacional de hoje, mas pude ver como ele lidava com os colaboradores, com a produção. Daí é que entendi a paixão dele pelo colchão”, relatou Helenice em entrevista ao especial feito pela Móveis de Valor sobre a Castor.
“Os valores que meu pai passou para mim e para todos da família, nos inspira até hoje, principalmente este amor pelo colchão. A Castor se tornou referência no Brasil porque nosso propósito sempre foi o de fazer um trabalho com seriedade, respeito e ética”, afirmou Hedenise na época em que foi feito o especial.
Já Marcia Motta Peroba, diretora da Móveis Peroba, aceitou o desafio de adquirir uma fábrica de móveis sob encomenda e viu sua empresa se desenvolver ao longo dos anos. “Comecei minha jornada de trabalho cedo, e aos 18 anos, eu era funcionária em um escritório de engenharia como projetista. Nesta época, eu investia na área pedagógica e até lecionei por alguns meses, porém, a área de projetos sempre foi meu fascínio”, conta Marcia sobre o início de sua vida profissional.
Ela prossegue: “Nesta idade, me casei, e após uns cinco anos, eu recebi uma proposta, para adquirir uma fábrica de móveis sob encomenda. Eu e Lucio Mauro, meu marido, aceitamos o desafio, e estamos até hoje nesta área, porém com fabricação de móveis infantis e cozinhas seriadas”.
Marcia diz que o setor de móveis costuma ser receptivo e acolhedor, com mulheres fazendo parte dele há muitos anos. “O espaço sempre esteve aberto para a participação feminina, porém, temos de convir que eliminar a cultura de que homem entende do mundo dos negócios mais que a mulher é bem delicado”, reflete.
A empresária até cita exemplos de mulheres que conseguiram alcançar grandes postos no setor e afirma que sim, a presença feminina pode fazer muita diferença. “Hoje a presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, faz um trabalho com maestria. E até a gestão passada, quem presidia a Abimóvel, a grande entidade desse setor, era Maristela Cusin Longhi”.
Por isso mesmo, conversamos também com Gisele Dalla Costa, atual presidente do Sindmóveis (Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves). “Não é por acaso que, cada vez mais, lemos a frase ‘as mulheres podem estar onde elas quiserem’. Já provamos que somos capazes de desempenhar qualquer papel: no cuidado do lar e da família, na ciência, na liderança de empresas, na política, em instituições, nos esportes ou em espaços e funções até então atribuídos aos homens”, salienta Gisele.
A presidente do Sindmóveis ainda aproveita para falar sobre a influência disso em sua própria vida. “É verdade que em alguns contextos ainda existe certa resistência, mas nós, mulheres, nos unimos e fortalecemos umas com as outras para estarmos em posição de igualdade. É essa união e inspiração constante que busco para minha vida pessoal e profissional”.
Patrícia Guimarães, diretora da Patrimar Móveis, é mais uma mulher que fundou sua empresa de móveis ao lado do marido. “Sempre trabalhei e fui muito dedicada, mas quando iniciei no setor moveleiro me apaixonei. Aprendi muito e pude contar com o apoio do meu marido, que na época era namorado, e já trabalhava no setor. E com o passar dos anos fui adquirindo experiência e continuo aprendendo até hoje. Até mesmo porque todos os dias temos alguma coisa para aprender e/ou melhorar. E neste ano a Patrimar completa 25 anos, então, posso dizer cresci e me desenvolvi muito tanto como pessoa, como mãe, como esposa e, principalmente, como empresária”, relata.
Lógico que ao longo desses anos Patrícia viu algumas mudanças acontecerem no setor. “Vejo que vem realmente aumentando a cada dia a presença de mulheres no setor. E elas vêm se mostrando dedicadas e comprometidas, super profissionais”. É bom lembrar também que as próprias filhas da Patrícia atuam no setor. “As meninas fizeram faculdade de administração e o meu filho mais novo ainda está decidindo o curso. Desde cedo eles foram participativos na empresa. Então acredito que isso acabou criando um laço e um amor pela Patrimar, contribuindo para que eles tenham vontade de estar dentro da empresa”.
“Sinto neles [nos filhos] o mesmo amor e comprometimento com a Patrimar. E isso não tem preço para mim. Realizamos há pouco a nossa convenção anual e foi bonito de ver eles participando, vibrando, interagindo e contribuindo com equipe toda”, complementa a diretora da Patrimar.
Empresárias e mães
Patrícia Guimarães expressa todo seu orgulho por ver os filhos já envolvidos com a Patrimar, mas ela também conta como foi criá-los tendo de equilibrar seus afazeres na empresa e os domésticos. “Me casei cedo e, na verdade, tudo aconteceu muito rápido porque quando percebi, já era mãe, tinha uma casa para cuidar e uma empresa para administrar. É trabalhoso sim, mas é muito gratificante. Meu marido me apoiou muito no início e estamos nesta caminhada até hoje”.
Marcia Peroba também conta como foi conciliar a abertura de uma empresa com a criação dos filhos, que na época do início do projeto ainda eram crianças. “Para conciliar trabalho e vida pessoal o negócio era acordar cedo, e ao final da jornada de trabalho, deixar tudo preparado para o dia seguinte. Com um detalhe, não tínhamos secretária do lar e nem babá”, relembra.
Cinara e Bruna Manfroi também são mães, mas contam que criaram uma estratégia em que uma conta com a outra. “Eu fui mãe antes da Bruna, e aí quando ela veio com os dela, que são dois, eu pensei nossa, como vamos conduzir a nossa vida familiar sendo mães e empresárias? Nisso a gente se acertou muito bem, fizemos um acordo em que uma tem que estar na empresa enquanto a outra viaja para que as famílias estejam bem amparadas”, explica Cinara.
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