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Não é fácil. Pastor vende colchão em live da igreja

Por Natalia Concentino - 20 de Maio 2020

O bispo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, está se virando como pode para pagar as contas da instituição neopentecostal em meio à pandemia de coronavírus. Durante os programas religiosos online, passou a circular entre os cultos e os louvores uma peça publicitária para vender colchão protagonizada pelo próprio bispo.

“Estou aqui para falar de um assunto diferente. Eu morava na infância num chão batido, numa esteira de taboa. Olha o que Deus fez na minha vida. Hoje eu posso dormir num (diz a marca do colchão)”, anuncia ele. “É o que tem de mais avançado em tecnologia em matéria de colchão. E ele te proporciona uma sensação de bem-estar (…) Eu posso falar, porque eu tenho em casa, na minha suíte na igreja. Olha o que Deus faz na vida das pessoas. Ele vai te dar condição para você ter um também, principalmente nesse mês das mães”, prossegue, com o número da central de vendas aparecendo embaixo. No fim, aparece a imagem da marca, com o slogan: “É uma dádiva de Deus”.

A empresa de colchões é conhecida no mercado por investir pesado em marketing televisivo. O produto já foi oferecido em programas de TV como os de Luciana Gimenez, Raul Gil e Ratinho. Mas um pastor neopentecostal como garoto-propaganda não é muito comum. Geralmente, os religiosos desse segmento evangélico aproveitam a visibilidade para anunciar produtos da igreja, como livros, CDs, DVDs, palestras, eventos e outros. “Isso é novidade para mim, até para o Valdemiro”, comentou um pastor que faz a articulação entre lideranças religiosas e políticos em São Paulo.

As igrejas de todas as religiões, no entanto, estão passando por dificuldades financeiras nesse período de pandemia, com a queda na arrecadação de dízimos e ofertas. A Mundial, de Valdemiro, ainda tem um problema a mais por sustentar um verdadeiro conglomerado de mídia com canais de TV e rádio, além dos mais de 6000 templos espalhados pelo Brasil e no mundo.

A estratégia desenfreada do pastor em recolher ofertas também lhe trouxe preocupações na Justiça. O Ministério Público Federal entrou com um pedido para que o MP estadual o investigue por suposta prática de estelionato por oferecer “sementes milagrosas” de feijão contra o coronavírus. 

(Com informações da Veja)

 

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