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O sobe-e-desce sem ações relevantes para mudar o rumo das coisas

Por Ari Bruno Lorandi - 17 de Julho 2024

É o setor imobiliário que estimula inovações em materiais para acabamentos. Apesar de ser a parte final de uma obra, essa fase da construção responde por quase metade do orçamento. Isso se justifica porque os produtos que agregam mais tecnologia e que estão alinhados às mais recentes tendências de decoração, conseguem levar mais opções de recursos visuais e durabilidade para a obra. Uma pergunta: os móveis estão em sintonia com o setor imobiliário, entendendo que um está intimamente ligado com o outro, ou prefere carreira solo?

 

O varejo brasileiro é constantemente desafiado a repensar-se diante de um mundo que se refaz a olhos vistos com as novas tecnologias, novos comportamentos, novas demandas. O comércio de moda não é diferente e um evento específico para tratar disso foi realizado em São Paulo, no evento Inside Fashion Business, dia 2 de julho. Sem dúvida temas importantes demais para não serem tratados com a profundidade e urgência necessárias. Mas, e o varejo de móveis? Bem, este parece não ter o que discutir, muito menos algo a mudar. Desde que existe varejo o jeito de vender móveis não mudou absolutamente nada. Mas ainda se espera resultados diferentes, algum dia no futuro.

 

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Cá entre nós 

 

Falamos antes sobre a necessidade de se discutir o varejo de móveis e vamos começar agora comentando sobre o comportamento das vendas de móveis nos primeiros cinco meses deste ano, segundo dados do IBGE. A notícia boa é que estamos melhor que 2023 com alta de 2,8% em volume e 4,2% em receita de vendas. E a melhora é generalizada pelo país, exceto no Centro-Oeste.

 

Na projeção, devemos alcançar entre 6 e 7% em volume e pouco mais de 10% em receita líquida de vendas este ano, em linha com o estudo Mapa de Mercado, do Instituto Impulso, publicado todos os anos desde 2002, sempre no mês de janeiro, antecipando as projeções de consumo do ano.

 

E, quando avaliamos o estudo ao longo do tempo, o que vemos são sinalizações bem claras: No Consumo das famílias, em 2002 o dinheiro disponível para aquisição de móveis era de 2,09% do total e em 2024 vai ser de apenas 1,49%. Uma perda nominal de 35 bilhões de reais no período de 22 anos.

 

Outra sinalização claríssima na análise dos números: Nos últimos cinco anos, a variação nominal do potencial de consumo da categoria foi de 53,6%. Mas apenas as classes A e B tiveram crescimento acima da média da categoria, com 68% e 72%, respectivamente.

 

Se temos hoje menos de 90 bilhões de reais para consumo de móveis por ano e poderíamos ter mais de 120 bilhões, algumas coisas importantes deixaram de ser feitas, ou não? Está na hora de parar para uma reflexão profunda sobre as razões que levam as pessoas a adiarem a compra de móveis, a comprar cada vez por preço menor, devemos parar de terceirizar a culpa e cada um assumir a sua parte no problema, seja fornecedor, fabricante ou lojista. Seria ideal não sobreviver ao longo dos anos apenas com oscilações para cima e para baixo, uma verdadeira gangorra que não interessa a ninguém, esperando por movimentos da economia ao invés de sermos protagonistas. Vamos usar um pouco do que outros setores – como vimos antes – já fazem para buscar resultados melhores, por favor.

 

Veja no player acima a íntegra do programa.

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