A indústria de móveis precisa acelerar o ponto de inflexão
Passado, presente e futuro não é – e nunca será – apenas passagem de tempo. Sabemos que tempo é a duração de fatos. É a maneira como contabilizamos os momentos, seja em horas, dias, semanas, séculos etc. No cotidiano, o uso da palavra é basicamente empregado para determinar a duração dos acontecimentos. Entretanto, passado, por exemplo, é tempo de lembranças, de experiências que levamos para a vida. Enquanto presente é o resultado do passado, a colheita do que plantamos. E, em determinado momento, devemos atuar com determinação para o PONTO DE INFLEXÃO, a fim de avaliar o que tem sido feito e redirecionar o que é preciso para obter melhores resultados no futuro.
A indústria moveleira como se conhece hoje teve o maior impulso da história na década de 1980 com o Plano Cruzado, de 1986, que gerou uma espetacular demanda, com a expectativa de queda da inflação que entre 1983 e 1985 chegou a 230%. Então, no passado, a indústria foi alavancada por uma medida econômica.
E, sabe aquela história de que em time que está ganhando não se mexe. O importante era produzir mais do mesmo. Porém, é importante lembrar que havia em 1996, segundo o IBGE, menos de 900 fábricas de móveis no País com mais de cinco funcionários.
Dez anos depois eram quase duas mil indústrias. Isso explica por que havia dois tipos de empresa moveleira que ganhava dinheiro, as bem administradas e as más administradas, como costuma dizer o saudoso Lincoln César.
Mas, com o passar dos anos e o aumento do número de fábricas, a oscilação no volume de produção foi a tônica, como se vê neste gráfico entre 2003 e 2022. No passado, o futuro parecia bom até para empresas mal administradas. Então, criar demanda não era prioridade, bastava – de vez em quando – tirar um concorrente da frente.
Um pico em 2006, outro em 2010 com repique em 2012... quedas mais fortes em 2015 e 2016 até a pandemia... e com ela novo impulso nas vendas de curto prazo até o começo de 2021. Não se vendeu mais por falta de mercadoria. Logo, porque não ampliar a fábrica, afinal se descortinava um novo horizonte promissor. Ou não! Era uma bolha. O presente é uma bolha. É o resultado do que foi plantado no passado. Nem mais, nem menos.
Nos últimos 10 anos o volume de vendas de móveis no varejo caiu 27%, como se vê neste quadro. Sobra móveis, falta mercado, falta a demanda que não foi criada no passado.
A indústria precisa acelerar o ponto de inflexão. A indústria é na cadeia moveleira a única que depende só da venda de móveis. O varejo se ajustou vendendo de tudo e móveis é apenas uma fração para as grandes redes.
Cá entre nós: Se a indústria vai aproveitar esta janela na economia para se reinventar eu não sei, mas o que sei é que o mercado mudou, jamais será o mesmo do começo dos anos 2000, quando o segundo semestre garantia sobrevida para todos.
O futuro se faz agora! É que nos ensina o passado.
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