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Polícia do RJ investiga loja de móveis de luxo por estelionato

Revisado Natalia Concentino - 26 de Março 2025
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Foto: Reprodução

Depois de inúmeras denúncias, a Polícia Civil do Rio vem investigando uma loja especializada em mesas de madeira de luxo por suspeita de estelionato. A Madeirado, que vende móveis sofisticados por valores que chegam a R$ 16 mil, acumula reclamações de clientes que pagaram pelos produtos e não receberam no prazo prometido.

 

A situação gerou mais de 1,5 mil queixas no Reclame Aqui e motivou a abertura de um inquérito policial. O caso ganhou repercussão após uma cliente carioca tentar resolver o problema pessoalmente e descobrir que o endereço físico divulgado pela empresa era falso.

 

No local, a vítima encontrou um imóvel abandonado, enquanto no Google Maps aparecia a imagem de uma loja bem cuidada, com letreiro da marca, montado digitalmente.

 

A cliente registrou boletim de ocorrência e a polícia já deu início às diligências e deve ouvir testemunhas. O caso foi divulgado por uma reportagem do jornal O Globo.

 

O padrão das reclamações se repete: clientes que pagaram antecipadamente – muitas vezes via PIX ou boleto – e não receberam os móveis no prazo estipulado.

 

Quando tentam contato, recebem promessas de nova data de entrega, mas os prazos seguem sendo prorrogados. Muitas das justificativas apresentadas pela empresa falam em problemas com matéria-prima e falhas na produção.

 

Em alguns casos, os consumidores relatam que receberam fotos de uma suposta mesa em fabricação, mas, mesmo assim, a entrega nunca aconteceu.

 

Em São Paulo, onde a Madeirado também afirma operar, o Procon registrou 132 reclamações formais desde o ano passado, a maioria por atraso ou não entrega.

 

Apesar do alto número de queixas, ainda não houve autuações contra a empresa. Já nos Procons de Minas Gerais e da Bahia, não há registros de reclamações formais, o que não significa que consumidores desses estados não tenham sido afetados, mas sim que podem não ter recorrido aos órgãos oficiais para denunciar.

 

No Facebook, mais de 200 reclamações aparecem na aba de avaliações, com clientes afirmando que foram lesados e que a loja está aplicando um golpe. Alguns consumidores chegaram a publicar vídeos alertando sobre a empresa e pedindo que a informação fosse compartilhada para evitar que mais pessoas fossem prejudicadas.

 

leia: Móveis de luxo adquiridos por golpista preso são recuperados

 

O inquérito tenta reunir evidências para determinar se houve crime contra o consumidor e contra a economia popular. No âmbito cível, centenas de clientes entraram com ações na Justiça pedindo ressarcimento e indenizações. Levantamentos apontam que a Madeirado é ré em processos nos Tribunais de Justiça do Rio, São Paulo, Bahia.

 

Só no Rio, há pelo menos 286 processos ativos, e, em muitos deles, advogados relatam que a empresa nem comparece às audiências ou é localizada para receber notificações.

 

São Paulo e Bahia concentram o maior número de processos contra a Madeirado, enquanto em Minas Gerais ainda não há registros de investigações policiais ou ações civis públicas.

 

O Procon-SP já indicou que pode intervir se constatar práticas comerciais abusivas. Caso a investigação no Rio confirme um esquema fraudulento com impacto em outros estados, as polícias de São Paulo, Bahia e Minas também podem ser acionadas para abrir suas próprias investigações.

 

A Madeirado nega qualquer fraude e alega dificuldades operacionais, afirmando que pretende reestruturar as operações para regularizar as entregas.

 

Fonte: cbn.globo.com 

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