Polo de Bento Gonçalves tem bom desempenho e desafios à frente
O segmento de bens duráveis, como móveis, costuma passar por oscilações naturais de acordo com o comportamento do mercado. No polo moveleiro de Bento Gonçalves (RS), os números mostram que o momento é de retomada. Mesmo com adversidades, as cerca de 300 indústrias localizadas na região registraram desempenho positivo no primeiro semestre de 2024.
Conforme apuração do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) junto à Secretaria da Fazenda, o faturamento nominal das empresas que compõem o polo ficou acima dos R$ 6,14 bilhões entre janeiro e junho deste ano (9,3% maior no comparativo com igual período do ano anterior). “A catástrofe climática ocorrida no segundo trimestre não causou impactos estruturais significativos à grande maioria das indústrias do polo moveleiro de Bento, mas trouxe preocupações como logística, fornecimento de matérias-primas e até mesmo de consumo, que ficou estagnado em um primeiro momento e depois teve aumento de demanda”, explica a presidente do Sindmóveis, Gisele Dalla Costa. “É importante destacar que estamos falando de um crescimento nominal, ou seja, não significa que todas as empresas lucraram mais, pois o volume de vendas, os custos e as margens de lucro variam de indústria para indústria”, completa.
Para atender às demandas do mercado, as indústrias moveleiras de Bento, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza – cidades que compõem o polo – contrataram mais. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram saldo positivo no primeiro semestre de 2024. Foram contratados 63 profissionais, totalizando 6.459 vagas ocupadas. “As contratações são um dos termômetros que ajudam a indicar o desempenho do setor. Especialmente neste momento delicado para a economia gaúcha, esperamos que o setor moveleiro possa continuar crescendo para fortalecer as indústrias e gerar emprego e renda”, avalia a presidente do Sindmóveis.
A exportação é um dos pontos fortes do polo moveleiro de Bento Gonçalves. Produtos que unem funcionalidade, qualidade, design e preços competitivos ganharam o mundo – realidade que se repetiu no primeiro semestre de 2024. Os móveis produzidos na região foram vendidos para 44 países durante o período, totalizando mais de US$ 29,3 milhões em transações com o mercado internacional (cerca de 22% a mais em relação ao registrado de janeiro a junho de 2023). Destaque para Estados Unidos, Uruguai, Chile, México e Peru, que, juntos representam cerca de 2/3 do total comercializado com o exterior.
Apesar de todos esses números satisfatórios, os desafios permanecem para o setor moveleiro. A previsão mais recente do Banco Central indica que a Selic pode virar o ano em 10,5%, indicando um segundo semestre de risco inflacionário e, consequentemente, juros de financiamentos elevados – o que não é favorável para a produção. Outro fator a ser observado é a situação econômica do Rio Grande do Sul, pois o PIB do estado deverá sofrer forte retração e a velocidade de recuperação da economia gaúcha ainda é incerta. “O Sindmóveis sempre estará ao lado das indústrias para que elas se mantenham competitivas, seja disponibilizando informação e promovendo qualificação, seja estimulando a geração de negócios. A feira Movelsul Brasil 2025, que vai ocorrer em fevereiro, é um bom exemplo de otimismo para o médio prazo. A presença de lojistas, varejistas, importadores e outros especificadores do setor moveleiro com certeza vai proporcionar ótimas oportunidades para as indústrias começarem o ano com o pé direito”, assinala Gisele.
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