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Prejuízo com metaverso acaba por colocar Meta contra a parede

Revisado Natalia Concentino - 30 de Outubro 2022

Após um ano, os investimentos da Meta (dona do Facebook) no metaverso continuam dando prejuízo. Em seu mais recente balanço trimestral, divulgado na quarta-feira (26), a empresa registrou não só mais uma queda nas receitas com publicidade, mas também um novo prejuízo de US$ 3,67 bilhões com a divisão Reality Labs, focada em realidade virtual. No último ano, a área já perdeu US$ 12 bilhões, e o valor da empresa despencou quase 60%. Questionado por acionistas, que pedem uma mudança de foco na empresa, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, insiste que, apesar do que chama de "haters", o metaverso é o futuro da internet.

 

Todo dia sai na mídia alguma notícia sobre o fracasso do metaverso projetado pela Meta (antigo Facebook). Já li que há pouquíssimos usuários ativos, que tem diretor insatisfeito e que o board pede por uma mudança de foco.

 

Os jornalistas têm má vontade com a empresa? Pode ser. Mark Zuckerberg é um gênio incompreendido e daqui a pouco as coisas mudam? Talvez.

 

Mas, mesmo considerando todas essas possibilidades, acho que tem um ponto muito importante sobre o qual pouca gente fala.

 

A ideia do metaverso é promissora e cheia de possibilidades. Quando vemos isso materializado em filmes de ficção científica, tudo fica lindo e maravilhoso. O problema é que, até agora, a Meta não conseguiu responder a pergunta mais importante de todas: "para que serve isso?".

 

O usuário comum ver aquelas imagens, assiste as apresentações da empresa, acha tudo bacana, mas não consegue se enxergar ali para além de uma curiosidade inicial.

 

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Conheço gente séria que vem estudando metaverso e não tenho dúvidas de que ele serve para muitas coisas diferentes. Mas, hoje, em 2022, as aplicações concretas ainda parecem ser de nicho. Por exemplo, jogos online de mundo aberto não deixam de ser metaversos, mas as pessoas estão lá com um propósito específico, e a experiência só melhora por meio da tecnologia.

 

No caso da Meta tenta-se vender a ideia de um mundo aberto onde tudo é possível. Mas nenhuma dessas possibilidades parece mais promissoras (ou intuitivas) do que as soluções que já existem. Você pode encontrar pessoas para uma conversa no metaverso, mas fazer isso pelo Zoom é bem mais fácil. Você pode assistir um show, mas a maioria das pessoas já estão satisfeitas com a transmissão do Rock in Rio.

 

O metaverso vai pegar? Eu acho que sim. Mas me parece ser uma tecnologia que vai começar "comendo pelas beiradas", com aplicações específicas para públicos nichados. Quando a gente menos perceber, todo mundo estará lá.

 

O problema é colocar o carro na frente dos bois. Vender algo grandioso que, na prática, não resolve problema nenhum de absolutamente ninguém. Toda história começa com um obstáculo a ser vencido em busca de um desejo. Hoje o metaverso é o próprio obstáculo de um desejo que a maioria não tem.

 

Mark, se eu fosse você começaria pelas pequenas narrativas, pelas beiradas.

 

*Por Bruno Scartozzoni - Pioneiro do storytelling corporativo no Brasil | Fundador da StoryTalks | Palestrante internacional | Escritor

 

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