Prever o fututo do setor moveleiro não é tão complicado
Todos os futurólogos são unânimes: é impossível prever o futuro.
Pra piorar, o que se diz sobre o futuro hoje, muda amanhã. Enxergar possibilidades no tempo à frente exige atualização recorrente e permanente. Dá um baita trabalho.
A melhor frase para isso é a clássica “já não se faz mais futuro como antigamente”, na qual se ironiza a visão que os antigos tinham sobre o que estaria acontecendo hoje.
Então porque fazer previsões sobre o futuro, se elas, no futuro, não se confirmam?
Mas, às vezes prever o que vai acontecer não é tão complicado assim. E, alguns casos basta ter informações. É o caso da previsão que fizemos em dezembro, na revista Móveis de Valor. Você lembra? “2020 será o ano da virada”. E, por ironia, à época não tinha uma pandemia pra ajudar na aposta.
Na verdade era simples: A venda de móveis entre 2015 e 2019 havia recuado quase 24%. Vínhamos de uma crise e as pessoas adiavam compras que exigiam maiores investimentos e, principalmente, crédito de médio prazo.
Todos sabem que as pessoas não compram móveis porque móvel é moda. Compram por necessidade. E você pode adiar uma compra até o dia que não dá mais e precisa substituir aquele colchão que causa dor nas costas, aquele sofá desgastado e assim por diante. Portanto, projetar um ano melhor depois de 2019 quando os números já apontavam para cima – como você pode ver no quadro abaixo – não era difícil.
Mas, não contávamos com o impulsionamento causado pela pandemia do coronavírus. E logo eu, que critiquei o vírus chinês, tenho que admitir agora que a quarentena elevou a outro patamar a “virada” em 2020.
O resultado das vendas de junho, o maior desde janeiro de 2012, como vimos há pouco na Semana Moveleira, é o prenúncio de um ano excepcional para a cadeia moveleira. Mas, aproveito para chamar a atenção dos fabricantes e lojistas: Não é só o volume de vendas que importa. Os fornecedores já realinharam os preços dos insumos. Agora é a vez da indústria e do varejo.
Temos uma defasagem para corrigir de 30%, considerando o IPCA entre 2015 e 2019. Quer dizer, os preços dos móveis estão baratos demais. A inflação no período chegou a 39,5% e os móveis aumentaram apenas 9,1%.
Então, cá entre nós, primeiro: não é difícil prever o futuro quando se tem boas informações.
Segundo: o volume de vendas vai continuar muito alto
Terceiro: Só precisa alinhar os preços e finalmente, dar uma virada também na cultura das empresas e concluir que ter lucro, remunerar o investimento é parte inseparável do ato de empreender.
Combinado?
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